Saturday, November 10, 2007

O jogo libidinoso - A morte da inocência.

((Depois posto o resto, estou reformulando certos conceitos e termos))

Adentro, novamente, naquela rua escura.
Os postes, com suas luzes furtadas, eram meros coadjuvantes da paisagem urbana.
Paro o carro, temeroso, sabendo, pois, que estava prestes a perder a lucidez.
Vagarosamente, aproximo-me da entrada do meu prostíbulo particular.

- Trofônia, eis que aqui estou.
Peço-te, que acione os portões, mas não lances, ainda, seus feitiços.
O diálogo, entre nós, deve acontecer nesta noite. - Tremendo, dizia Inocêncio.
- Para quê tanta formalidade?
Entre, pois, para conversarmos. - Respondeu, a devoradora de almas.

No longo caminho da entrada até o calabouço, onde instalava-se aquela que roubara meus sentimentos profundos, começo, novamente, a pensar.
E ao pensar, titubeio.
Talvez não seja a hora certa para desvincular-me deste romance...


- Senhor, entregue-me as armas antes de entrar.
Peço que se faça silêncio, pois as serpentes estão adormecidas, neste momento. - Dizia-me o jovem vigilante.
- Que assim seja.
O silêncio se fará.
Não possuo armas, mas se quiseres posso entregar o restante da dignidade que tenho.
Pois, ser isso, minha única forma de defesa.
- Não arrancarei a dignidade de um homem.
Suba, siga a luz da lua.
Ao se deparar com uma porta negra, entre.


Retiro meu paletó e desaperto a gravata.
Estava na hora.
Avisto tal porta e alongo minhas passadas.
Ela estava aberta e, sem nenhum pudor, adentro na fortaleza da usurpadora de almas.
As luzes, como na entrada, não existiam.
Conseguia enxergar apenas pela força da luz natural, vinda de fora.
Esbarro em um baú.
As minhas pernas, já trêmulas, ficavam mais ainda.
Mas, não fujo da curiosidade, nem o temor da morte seria obstante, e abro o baú.
Retiro quatro itens:
Um opiáceo, uma foto minha, um boneco vodoo e bloco de cartas(Ao que parecia).

- Venha até mim, Inocêncio.
Deixe o prazer tomar conta de teu corpo.

Espanto-me ao ver, novamente, aquela silhueta feminina que cativa com sortilégios.
O pragmático desejo tomara conta de meu corpo.
Aquela voz dizia-me mais do que palavras.

- Não deixarei-me, corromper, novamente, por estes teus olhares penetrantes.
Minh´alma não calará.
A necessidade de um colóquio, se faz necessária, está iminente.
Povoastes meus sonhos com perseguições e traições.
Mas, o deleite carnal, este prazer sensual, não deixa-me esquecer de ti.
Voltas à caverna! - Emocionado, o jovem rapaz, dizia.

Uma lágrima caia da devadora de almas, acontecia, agora, o rompimento de todos os sentidos.
Não escutava, não via, não sentia cheiro algum.
Só a escuridão se fez presente.
Em um lapso, escuto um som sibilante.
O medo, que sentia, cada vez mais, tornava-se real.
A fúria, daquela mulher, tornou-a ainda mais sensual.

- Tu vais resistir, doce rapaz?
Então, mostrarei-te a minha vingança.

Vagarosamente, suas vestimentas caem no chão gelado.
Uma por uma.
Sinto calafrios, um desejo incontrolável de jogar-me aos seus pés.

- Poderás me ver, mas não tocarás.
Teus olhos ficarão em chamas,
tua boca secará,
os teus órgãos copuladores funcionarão como nunca,
mas, mesmo assim, não me tocarás. - Aos risos, dizia, Trofônia.

A resistência baixa a guarda. Tento fugir, pela porta, mas esta se fecha.
Os quadros, nas paredes, riem do volume estabelecido em minha calça.
Objetos começam a sobrevoar minha cabeça, continuando a tormenta sem fim.
Meus olhos, cansados e desesperados, refugiam-se naquela foto, qual estava num baú.
Mas, Trofônia, não permite.
Lança feitiços, sobre eles, tornando-os ao seu corpo de formas modelares.

- Ó, Destruidora de pensamento, deixa-me repousar no teu colo.
Juro não mais duvidar deste amor.
Deixa que meu corpo se una ao teu, juro que, esta, será uma simbiose eterna.

- Inocêncio, saibas que minh´alma fundirá com a tua.
Não poderás, jamais, desfazer-se deste laço.
Tua escolha é definitiva?

- Pudera eu fugir deste destino.
Não vês estas lágrimas que recobrem meu rosto?
Acredita em mim, pois não conseguirei viver num mundo controlado.

- Pois, teu desejo torna-se real.
O controle, do qual precisavas, não mais precisarás.
Serei teu guia.
Jogue-me esta coleira, envolvida em ti, para que não precises sofrer.
Levarei-te em minha caverna, tomarei posse de tua alma e deixarei teu corpo, desfalecido, aos Leões.