Friday, April 18, 2008

As cinzas do meu cigarro.

Uma noite atípica, no mínimo.
Acontecia uma reunião de pessoas, completamente, diferentes, mas com pensamentos conectados.
As histórias eram sempre narradas na primeira pessoa do singular ou do plural.
Eu fiz, eu e alguém fizemos, eu, eu, eu.
O papo era, realmente, interessante.
Lembrar de fatos que até pouco atormentavam, mas que agora não fazem mal algum.
O grupo político, social economico, adicionou mais um tema para suas falas lendárias: Música.
Falando de bandas nacionais, internacionais.
Bandas que acabaram, revolucionários ou não, enfim, música.
O medo de conversar com as pessoas, de não saber o que elas acham sobre o que estou falando, estava superado.
Eu poderia falar durante horas, mas não queria.
Prefiro escutar as vozes de outrem, beber um gole de minha cerveja e dar um trago em meu Marlboro.
A conversa continuava rolando.
As vozes começavam a diminuir a intensidade.
Ficavam baixas, quase um ruído sônico.

(Bêbados riam na mesa ao lado, de forma escandalosa).

Vi uma mulher, desconhecida, da mesa que estava às 12h, olhando para meu cigarro.
Paranóico, como sempre, dou um trago para ver se ele estava comigo.
Ah! E como estava.
Doce néctar das flores.
A sensação inigualável de fumar um cigarro e nada mais importar.
Talvez por esta sensação que fumo estes anos todos.
Vários anos, 1/3 da minha vida.

O chão já parecia um cinzeiro, umas 20 bitucas ou mais.
Mas, não importava a quantidade.
Pra falar a verdade, naquele momento, nem a conversa importava.
Era eu e meu cigarro.
O vermelho alaranjado de suas brasas dava a sensação de calor, intensa,
loucura incessante.
Mas, no fundo, ao ver cair as cinzas do meu cigarro, lembrava da minha vida, por inteira.
E, isso, ao passo que é frustrante se torna reconfortante, também.
Pois lembrava que apesar de minha vida ser jogada aos poucos, posso fazer como um cigarro.
Tirá-lo do bolso, acendê-lo e recomeçar tudo novamente.

Monday, April 07, 2008

Só mais uma tragédia grega...

Concurso de Beleza.

Mais um exemplo da formação de ídolos do século XXI.

As imagens apreciadas tornam-se modelos, odes ao narcisismo.

Em quatro versos:

O primeiro retrata o Hermafrodita de Mazarini, curtindo a vibe que sua imagem, em um lago, levava aos seus olhos, tornando-o escravo de seu reflexo.

O segundo verso era a cura das quimeras, então apareceu Apolo.

O terceiro verso é a transformação de Dafne em um ramo de louro.

O quarto e último verso é a morte do pensamento.Zeus e seus pais Cronos e Réia vingam-se de seus semelhantes.
Lançam trovões e chuvas torrenciais, transformam o belo em feio e vice-versa.

E, assim, formada mais uma tragédia grega.

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É por isso que Lyon(O cachorro da foto) está correto em cagar.
Ele não quer participar de uma nova tragédia grega.
Quer apenas ser um cachorro normal comendo cadelas gostosas.