Thursday, July 31, 2008

Ensinar o pescador a pescar.

Enquanto coçava meu saco, vendo Tv e comendo bolachas, pensei em algo que nunca tinha pensado, mesmo sendo tão óbvio.

O governo não consegue "cuidar" de todos os necessitados, então vemos tantos passando fome, nas ruas, pedindo esmolas.
Mas, ironicamente, estes, que tanto execramos, que ao passar levantamos os vidros(...) não são perigosos no momento, mas podem se tornar.
É aquele velho provérbio: Não se pode dar o peixe, tem que ensinar a pescar.
Bem, ninguém dá trabalho para menino de rua, ninguém oferece bolsa escola para meninos de rua, ninguém oferece abrigo.
E, então, eles percebem uma nova realidade logo a frente.
Ninguém os ensinou a pescar, mas teimam em não partilhar as sobras do peixe.
Então, começam a roubar, matar, traficar...

A culpa também não seria nossa?
Esperamos tanto do governo que esquecemos da "fraternidade do pão".

É melhor alimentar um pobre coitado ou fazer dele mais um criminoso?

Wednesday, July 30, 2008

Me diz teu preço.

Quanto vale viver enclausurado?
Quanto vale morrer sem ter vivido?
Quanto vale ter vivido os sonhos?
Não vale... Nada?

Quanto pagas para frequentar um culto?
Quanto pagas para não frequentar?
Quanto vale teu direito...
De acreditar?

Quantos beijos já destes?
Quantos foram recusados?
Quanto vale um beijo...
sincero?

Quantas horas ficaste sem comer?
Quantas comeste exageradamente?
Quanto vale...
Um prato de comida?

Quantas vezes ajudaste alguém?
Quantas foste ajudado?
Quanto vale...
Fazer o bem?

Me diz teu preço.
Eu pago o dobro.
Se não quiseres...
Venho com minhas moedas
e te dou o troco.

Quanto vale pagar pela certeza?
Quanto vale ter certeza e não pagar?
Quanto vale...
Ser o mesmo todo dia?

Me diz teu preço.

Tuesday, July 22, 2008

Assassinos, ladrões e pedófilos.

Divagam nas conversas de bar que o homem transforma-se naquilo que a sociedade põe ao seu dispor, mas, sinceramente, não é bem assim.
Ao passo que a sociedade não coloca nas mãos do homem o poder de tirar a vida de uns, ou de roubar milhares.
Mas, não espanta-me ver ladrões de galinha se transformarem em ladrões de bancos, um assassino de oportunidade tornar-se um aberração.
Aberração?
Sim, ora pois, tudo que a sociedade não entende cai em um esteriotipo.
Um assassino, para a justiça, é um criminoso.
Não vejo deste modo, pois vários sofrem doenças incuráveis e o estado não fornece auxílio.
É dever do estado abrigar aqueles que faltam sanidade?
Sim.
Então, porque não se debate isto?

Claro, esta não é a única causa quase improvável para explicar a mente de uma pessoa que foge dos limites.

Li faz alguns anos uma matéria com um pedófilo.
Ele dizia que a menina enviava sinais, dava sorrisos, flertava, enfim.
O pedófilo, na verdade, admite algo que a sociedade execra:
As crianças também tem impulso sexual.
A famosa brincadeira de médico é um exemplo.
Nesta fase acontece a descoberta da sexualidade, das diferenças corporais.
O pedófilo pode não ser um doente mental, uma aberração, pois pode ser apenas um defensor de algo que a sociedade não pode admitir.

Então, chegamos ao caso dos padres...
Os defensores da moralidade!
Pagam para jovens, principalmente homens, para fazer sexo.
Não acho que são aberrações, pelo contrário.
É facilmente explicada esta situação.
Desde novos reprimem sua sexualidade.
Chegam aos 30, como todos, e têm a crise da meia-idade.
Só que a repressão que fizeram, sexual, os faz crer que devem buscar a pureza, assim como a de Maria.
Buscam crianças.

Não condeno estes assassinos, ladrões e pedófilos.
Todos têm fatores interligados:
Falta de valores, repressão, libertinagem, crime.

Um crítico diria que não os condeno porque os sou.
Sim. Tenho, como tantos, fatores desencadeadores de uma resposta, possivelmente por uma agressão(Não só física) que se assemelham com os sofridos por estes.
Mas, não quer dizer que eu seja.

O que realmente difere de uma pessoa normal para uma "aberração":

O poder de ser, fazer e acreditar tudo o que quiser.
Ex:
Um assassino precisa matar pra ser assassino.
Um ladrão precisa roubar para ser ladrão.
Um pedófilo precisa desejar para ser pedófilo.

Se você tem esse poder não procure um padre, procure um psiquiatra.

Thursday, July 17, 2008

Não sei o que estou escrevendo.

Psiu...
Ela olhou.
O momento então parou.
Meus olhos fixos naquela sombra poética.
Juntando os cacos da minha timidez,

Questiono-me:
O que fazer se o momento acabar?
Gritar, auto-flagelar?

Então, ouço a resposta de um mendigo bêbado:
Não, não. Simplesmente relembrar.
E até confiar, que um dia tudo voltará!

Cético, questiono, novamente:
Mas, nem tudo volta. E se não voltar?

A resposta vem a galopes:
Só tem uma solução - Se matar.

Assombrado, penso em voz alta:
E se tudo o que existiu se esvaiu junto com palavras?

No último gole, o mendigo brada:
Não tem outra solução, erraste. Causaste decepção.
Descontentamento pelas ilusões criadas por cima da razão!

Pergunto:
E o que seria isto, senhor insano?

Responde:
Todas as dores que alfinetam o teu coração.
Sentes calafrios com um beijo?
Então está diagnosticada tua situação...
Sofres de amor reprimido, saudades da libido.

E a nova única solução:
Viajar nos momentos que antecedem a depressão!

E se eu não quiser viajar?
Então, porra, chega junto e assume tua posição!

... Tropeçando em garrafas aproximo-me.
Coloco um Halls na boca, dou uma conferida para ver se eu estou cheiroso,
Olho para um lado e para o outro.
Uhm... Que gostosinha.

- Senhorita, em pouco mais de 10 minutos sonhei minha inteira contigo.
Antes que me aches um psicopata, tarado, quero que saiba que o amor era intenso.

Ela vira, bruscamente, e grita com uma voz grave como nunca vi:
- Boquete é 10, mas para tu faço por 5.

- Vai tomar no cu, traveco de merda!

E assim acaba mais uma noite?
Não, o álcool da Terra ainda não acabou.

Tuesday, July 15, 2008

Vomitando na Bíblia

Do martelo à roda:

Produto - Formação de uma sociedade.

Sub-produto - Busca pelo poder.




O exemplo não é apenas ilustrativo.

Se retirarmos parte por parte...




O martelo seria este Deus.

A força motora que conduz o martelo à madeira - no caso o homem - seria a grande explosão.

A roda seria a obra-prima, uma criação rápida, mas duradoura.

Então, depois deste processo de transformação da matéria, a roda tornaria-se secundária, pois daria origem a novas visões.




O homem forma(Presente) estruturas baseadas na roda(Natureza), mas continua a afirmar que existe um Deus.

O martelo ficou no ínicio, só participando de um processo parecido com a meiose.

Ele não voltou para a história.

Por que Deus seria o iniciador, o resto ficaria com o homem.



Então, apareceria o sub-produto(Busca, incessante, pelo poder).

Este é o combustível da transformação da roda, de fato.

Esta busca poderia ser idealizada como a junção da força, do contato e da superfície?

Não.

Mas, continua-se acreditando nisto.



Aqui, por metáforas, foi exposto o ponto de vista daqueles que acreditam num Deus onipresente e naqueles que acreditam num Deus morto.



Se o martelo pára de agir a roda continua a ser modificada.

Se uma roda não tem controle ela continua girando até o infinito.

Se este infinito(Sem fim, mas com começo) for resultado da trasnformação de uma força maior, então a única conclusão é que o Deus, onipresente, se faz de tonto.

Mas, se este infinito for transformação, puramente, do acaso(...) o Deus se tornaria inexistente e sem sentido.



E quando este Deus é inexistente?

Quando ele está morto ou quando nunca existiu.



Mas, afinal, o que significa ser um Deus?

Ser senhor dos destinos dos outros?

Ter força descomunal para agir contra injustiças?

Ora pois, nós somos Deus.



As religiões foram formadas com base na fé, mas esta mesma se volta contra quando o adepto precisa de um milagre.

Milagres existem, mas não são oriundos da ação de uma força maior.

Podem ser ocasionados pela vontade do adepto ou por mero acaso.

Afinal, se você não pode provar que algo existe tem a obrigação moral de dizer que existe a dúvida.

E o mesmo acontece com o acaso.

Na vida, na natureza, em tudo, há o acaso.



Deus seria o acaso?

Bem, agora estou em dúvida.

Friday, July 11, 2008

Filosofia, ideologia e adolescência.

Peguei no sono, no final da tarde, e quando estava prestes a acordar aconteceu algo que há tempos não acontecia.
Um sonho interessante.
No sonho eu assistia uma palestra onde eu era o palestrante.

Eis o que saiu deste sonho:

Estava sentado na primeira fila, esperando o início da palestra que poderia mudar minha vida.
A própria revolução do ser e estar.
Talvez a dúvida que a arte tanto tenta demonstrar seja mais fácil de ser respondida.
Por que existe um Deus e não o nada?

- Senhoras e senhores, aplaudam o autor do livro: Os conceitos de auto-afirmação e iconoclastia. - Encantado, o locutor.

Todos ali eram leitores assíduos de filosofia do século XVIII.
E todo leitor desta aprende a não fornecer poder a ninguém.
Aplaudir algo é diminuir-se.
Assim como caracterizar algo como verdade absoluta.
Não podemos pensar que algo existe sem uma comprovação ou várias.
E mesmo que venham várias confirmações, temos a obrigação de colocar a dúvida em primeiro lugar.
Mesmo que a tendência seja seguir o rebanho atrás de um pastor.

- Eu não estou aqui para ensinar a pensar, pois isso não é filosofia.
Vou expor meus pontos de vista e espero que fiquem calados, não por respeito, mas por consciência. - Falou, Rique Farr Sunsa.

- Então, o filósofo não ensina o pensamento crítico? - Perguntou o locutor.

- Meu caro, o ato de pensar não é ensinado, ele reaparece com características semelhantes àquelas que já presentes na sua família.
O pensamento crítico, ainda mais, o filósofo não ensina.
Ou melhor, ensina, quando quer fazer uma lavagem cerebral.
A indução de uma pessoa a fazer e crer em determinada coisa.
Acontece muito e a maioria dos que fazem isto não são filósofos.
A filosofia é atrelada a isto porque o homem retira a casca e deixa os frutos apodrecerem.

- Quando você fala da retirada de uma superfície, na verdade, quer falar que o homem utiliza a filosofia àquilo que ele necessita? - Perguntou, uma senhorita que estava sentada ao meu lado.

- Exatamente, senhorita.
Geralmente o que interessa ao homem é o poder e este só vem quando purificamos o que não pode ser purificado.
Um grande exemplo disto é o que se passa nas ditaduras, nas religiões evangélicas e em qualquer linha onde o certo é absoluto.
Numa ditadura, o homem, usa uma ideologia para atrair outros homens.
É o espírito de rebanho.
Hitler utilizava sua dialética perfeita, discursos acalorados, para expor seu ódio aos semitas.
Assim como um pastor de uma igreja utiliza a mesma dialética de Hitler só que para atrair as pessoas para uma vala.
Esta vala é o final do pensamento próprio. Quando o homem deixa ser dominado por outro.
Então, segue-se tudo aquilo que o mestre da dialética fala.
A filosofia vem, então, para balancear.
Ela oferece indagações para que o homem as utilize em sua vida e torne-a menos alienada.
O problema é que não vemos a filosofia e a ideologia como uma coisa só ou quando vemos fazemos uma ligação errada.

- E a relação do jovem com a filosofia? Por que é tão intensa a admiração pelos filósofos que são contrários ao absoluto? - Perguntou uma senhora.

- Bem, vamos lá.
Esta relação deve ser contida, organizada.
Um jovem não pode começar a ler filosofia por Schopenhauer ou Nietzsche.
Por ainda estar em formação pode ser prejudicial.
A tendência do jovem é se encaixar em algum estereotipo, ele não quer ser o nada, o ninguém, não quer ser o mais amado.
Ele quer o meio termo.
Onde ele é amado e odiado.
A admiração é causada pelos conflitos interiores do jovem.
Ele quer ser a revolução, assim como foram tais filósofos.
Ao ler sobre rebeldia, destruição de dogmas, ele pode agir impulsivamente e acreditar piamente no que lera.

Sunday, July 06, 2008

A cova de Luís

Final de tarde, o relógio já batia 17h.
Luís caminhava pela estrada de barro, procurando respostas.
Andou por quilômetros até que percebeu que estava longe de casa.
Olhou ao horizonte e não via nada, nem a luz da lua poderia iluminar aquele pedaço de terra.

O dia foi tumultuado para ele.
Perdeu a noção da realidade e matou seu próprio espírito.
Quando viu uns jovens, brincado de ser felizes com tão pouco, ficou irritado.
As respostas que buscava estavam ao seu alcance, perto daqueles jovens.

- Qual é o segredo da felicidade? – Perguntou para os jovens.

- Felicidade não tem segredo.
Basta fazer algo que gosta, sem preocupações. – Respondeu um deles.

- Felicidade é viver sem dinheiro e ainda rir dos próprios problemas.
É viver de verdade, livre, como um pássaro. – Seriamente, respondeu outro.

Luís escutava os jovens e pediu para unir-se a eles em tal convenção do riso.
Os adolescentes, adultos jovens, claro, não fizeram objeções.

- Passei o dia inteiro procurando respostas, mas estas estavam na minha frente.
A cura da depressão é o álcool e um encontro com pessoas que compartilham das mesmas idéias. – Rindo, Luís, dizia aos jovens.

Assim foi a noite inteira, risos e álcool.
Quando todos estavam se despedindo de Luís para voltar para suas casas, ele lembra que não tinha para onde voltar, pois abandonara tudo e todos.

- Antes de irem podem ajudar-me?
Preciso cavar um buraco.

- Claro, senhor, mas precisaremos de pás...

- Isso não é problema, na fazenda ao lado têm várias no estábulo.

E assim foram todos, pegaram as pás e começaram a cavar.
Sem fazer perguntas, pois achavam estas desnecessárias, pois confiavam naquele senhor.

Quando o buraco estava cavado, Luís, retira a arma da sua cintura.
Assassina, a sangue frio, os cinco jovens.
Os corpos foram jogados neste buraco, nesta cova.
E ninguém mais será feliz perto dele.

- Deus, cavei minha própria cova, mas achei cadáveres melhores.
Aceita isso e dá-me a redenção.
Nesta hora um carro passa, era a policia procurando por Luís.
A resposta de Deus foi rápida.
Não há justiça sem crime.
Luís assassinou a decência, os bons costumes e agora terá tempo para fazer outra cova.

O dedo que aponta

“Os homens são muito mais preguiçosos do que medrosos e temem acima de tudo os aborrecimentos que uma transparência e lealdade absoluta lhes atrairiam”
Nietzsche

Hoje pude repensar vários temas, pude lembrar quem eu sou e aprendi muito, também.
Depois de uma crise hipertensiva, um colapso nervoso, muito ódio percebi que o dedo que aponta é o mesmo que, consumido pela culpa, prega a revolução pelo amor, a mesma revolução que Gandhi pregou muito anos atrás.
Mas, afinal, como pode a revolução pelo amor julgar e acusar sem provas, ridicularizar, oprimir?
Não, não pode.
Esta revolução não é verdadeira.
Não que o amor não seja uma revolução verdadeira, pois é.
Mas, o uso com a “má-consciência”, descrita por Nietzsche, faz com que esta seja invalidada.

A moral do rebanho, um modo de manipulação utilizada por vários políticos, também é usada por aquele que aponta o dedo para quem faz política.
E o que esta moral prega?
Que um homem ou domina ou torna-se dominado, descrito pelo filólogo como parte do espírito de rebanho.

Então, não seria incongruente, no mínimo, pensar que uma pessoa que divaga sua voz como a síntese do novo revolucionário gandhiano, agir contrário ao que prega diariamente para todos?
Ainda mais quando levamos em consideração que apenas o homem, dotado de sua razão diminuta, pensa que é superior à outra pessoa?

E assim o homem que aponta para acusar viverá toda sua vida.
Num mundo em que a certeza relaciona-se com suas palavras, onde o errado é não concordar com o absurdo.
O homem que julga não é aquele que crescerá sozinho, tendo em vista que em seu conflito interior este ulilizará sufismos e necessitará que outros escutem suas palavras.
Depois desta breve introdução, descreverei, sucintamente, a ação de um destes homens.



Perguntaram a um homem o que ele achava da injustiça.
Ele pensou durante horas e não deu uma resposta.
Quando chegou em casa, pegou seu computador caro e começou a escrever sobre a injustiça.
Escreveu um texto belíssimo, copiado em partes de alguns sites de internet, por não ter capacidade de desenvolver uma teoria, mas que não tira a beleza do texto.
Causa um frisson entre as damas e seus seguidores.

Acorda no outro dia, dá um beijo em seus filhos e brada:
“Eu sou a revolução!”

Entra em uma discussão, onde oprime e é criticado por esta opressão.
Como sua característica opressora é superior ao seu senso moral, ele expulsa de seu convívio aqueles que suprimiram suas agressões.
Então, se vê desnorteado quando a injustiça é cometida por ele.
Quando os mais leais amigos e colegas o criticam.
Pensa, logo conclui:
“A minha voz não pode ser calada. As minhas verdades absolutas não podem ser criticadas”.

O homem quando se vê perdido, sem escapatória, criticado, faz o que nenhum outro homem faria:
Aponta o dedo para aqueles quais nutrem aversão à injustiça praticada.
Bola um plano maquiavélico, fantasioso, para justificar seus próprios erros.
Pois o homem que aponta o dedo não erra, então não tem que justificar seus atos impensados.

“O poder está intrínseco”.

A repugnância daqueles que ele acha que são adversários é facilmente explicada por ele:
“Quem não ama Deus, não ama a si próprio”.

O homem torna-se escravo da opinião pública, pois sem esta opinião estaria vendendo passarinhos em feiras ou mostrando cartazes para cegos no meio da praça.

O dedo que aponta para uma pessoa deve lembrar quantos apontarão o dedo para ele.
E mais do que isso.
O dedo que aponta tem que aprender que a justiça é cega, surda e muda, mas ainda assim é JUSTIÇA e não deve ser manipulada.