Monday, July 27, 2009

O escravo da força

"O homem, geral, cria seus valores relacionando a imagem e semelhança de um ser mitológico com conceitos temporais.
A cada ano, novos valores, novos conceitos, são extraídos de uma fonte que secou há séculos.
Este é o escravo da força.
É este que apenas assimila valores de outrem, submetendo-se a inglória escravidão.
Não importa a posição na sociedade(...) o homem que nasceu fraco, morrerá fraco.

O homem forte, aquele qual dotado de espírito livre, faz suas próprias regras".

1- Olhos abertos

Era noite quando o ressentido por excelência acordou.
Catou suas roupas jogadas de baixo da cama e levantou vagarosamente.
O relógio anunciava às 20:16h.
Pegou sua mochila e partiu.

2- "Tum, tum, tum"

No outro extremo da cidade, Alfred, deslocava-se para mais uma sexta-feira na balada.
Buscou Ysto, seu melhor amigo, e, cantando pneu, saiu às escuras.
Ligou o rádio:

" Em nome de Jesus Cristo, nosso senhor, a sua vida irá mudar".

Desligou o rádio rapidamente, enojado e frustrado.

- Cada vez mais estes evangélicos fanfarrões tomam o espaço das boas programações, tanto nas rádios como na televisão. Vão converter a pica dos mortos, félas da puta! - Disse, Ysto.

- Putz! Também acho.
Mas, bem que eu queria ser Pastor... Eles ganham um dinheiro do caralho. - Falou, Alfred.

- Tu nem acreditas em Jesus, puto safado. - Jocosamente, Ysto falou.

- Bicho, eu não nego que Jesus foi um homem nobre, dotado dos bons valores e das boas intenções, mas a Igreja transformou a crucificação em um palanque político.
O Jesus que existiu não pode ser veiculado com instituições que usam do ódio, da vingança e do medo da morte para vender suas curas milagrosas. - Revoltado, Alfred.

3- A missão do profeta do caos

Tommy, o ressentido por excelência, partiu em sua missão.
Com seis cruzes, seis facas e seis Bíblias.
Ele foi designado para levar "Cristo" aos impuros.
Desde criança, foi treinado a esquecer o senso moral.
A lei dos homens não era a lei de Deus, assim sempre disse.
Então, os sentimentos para com o próximo eram formados por este Deus e não pelas convenções sociais.


[ Saco coçando. Depois continuo]

Monday, July 20, 2009

Das lágrimas à luz branca

Sobrevivo num mundo feito para idiotas ou para os esforçados.
Eu não sou idiota, nem nunca fui.
Nunca me esforçei para nada.
Sou apenas um vagabundo que passa pela vida, não a vive.

Vivo pregando meus ideais de liberdade, mas nunca torno-me livre.
Que liberdade é esta que prende e tortura?
Que liberdade é esta que faz-me chorar todas as noites?
Meus ideais são farsas fabricadas para tornar certo o que nunca foi.
Minha vida, por conseguinte, é uma mentira.
Uma mentira que sempre gostei de ler naquilo que escrevo.

Recentemente, parei de tomar todos os medicamentos anti-depressivos que foram-me indicados.
Não serei mais uma pessoa controlada por um sistema podre.
Não irão me drogar para esquecer tudo aquilo que engasga toda vez que tento falar.
Sou depressivo, propenso ao suícidio, mas não viverei a mentira.
Quero ser livre, então viverei livre.
Livre para escolher os erros que devo cometer, livre para colocar uma bala na minha cabeça quando a vontade bater.

Livre, livre.
Quanto mais livre fico, mais a luz aproxima-se.

Monday, July 13, 2009

O nada que me consome

A luz fechou-se na presença do nada.
Os obscuros tutores do meu centro moral morreram na presença do nada.
Sobrou-me a decadente imagem de um jovem problemático.

As pernas e os braços quase não mais se movem.
Deitado, cansado de uma vida sem sentido, espero o desfecho desta passagem.
Os olhos, cada vez mais, estão inexpressivos.
Continuo a viver a doença.

Sinto o nada me consumir.
O vazio preencher outro vazio.
A esperança cair no ralo da discórdia.

As dúvidas estão se transformando em certezas.
Uma única afirmação explica toda uma vida:
A fraqueza tornou-me refém em minha própria mente.
Fraqueza esta que não está minhas convicções, mas sim na bolha que construí para isolar-me.

Há tempos que as decisões estão guardadas no armário, mas elas sairão no momento oportuno.
Decisões que tornarão minhas angústias, meus anseios, meus medos(...) em um grande quadro branco manchado de sangue.
A única coisa que espero da natureza é que ela não me mate, enquanto faltar-me coragem.

Thursday, July 09, 2009

O tolo

- Acorde, tolo.
Sinta o nascer do dia.
Sinta, principalmente, a presbiofrenia saindo de seu corpo.
A angústia, a confusão, a demência... Expulse!
Acorde, tolo.
Acorde para um novo dia.

O Deus supremo enviou-me para ser portador de suas mensagens.
O Deus supremo enviou-me para ser portador de suas lágrimas.

Acorde, tolo.
Lançar-se para diante.
Surgir espontaneamente.
Acorde, tolo.
Acorde para ver meu apogeu.

Pelo fogo, pela água, pelo vento és acusado.
Salomão está morto.
És acusado. És culpado.

O tolo se torna temerário.
Mata o pastor e depois o enterra.
Do seu sangue faz veneno.
De sua língua faz armamento.
Vocifera contra um Cristo de madeira.
E, finalmente, acorda.



(Farr Sunsa voltou)