Wednesday, December 31, 2008

Escrevendo sem pensar direito...

Parece que foi ontem que eu estava angustiado, bêbado, sem ter pra onde ir.
Parece mesmo, mas faz um ano.
O interessante é que me encontro na mesma situação.
Boa parte do problema foi por minha causa.
Não cultivo minhas relações.
Pra falar a verdade, detesto conversar muito.
É cansativo, enjoa.
Prefiro conversar esporadicamente com uma pessoa.
Ter assuntos para discutr uma noite inteira.

Várias pessoas fazem promessas de fim de ano.
Admito que também já fiz.
Alguns anos atrás vi minha mãe chorando, rezando para que sua situação financeira ficasse estabilizada.
Chorei junto, porque sou muito emotivo. Quando vejo alguém a chorar eu também choro, principalmente com minha mãe.
Mas, não só fiz promessas para melhorar a vida da minha mãe, claro que não.
Já disse que pararia de fumar, que estudaria mais, que procuraria a mulher da minha vida e todas estas coisas.
Mas, esqueci de cumprir.
Todos fazemos promessas que não poderemos cumprir.
Ainda mais no nosso país... O ano começa em março, depois da ressaca do carnaval e termina na véspera do Natal.
Se você pensar bem o ano do brasileiro é pequeno em comparação com os outros.
E quando começamos o ano(Depois do carnaval) esquecemos nossas promessas e continuamos errando.

Mas, mudando de assunto...
Estou em casa, minha mãe e irmã estão dormindo e eu estou aqui sozinho na sala, vendo um drama na Tv e vivendo um drama real.
Ninguém gosta de ser sozinho... Até uma pessoa como eu.

Bem, resta-me duas opções.
Ou fico em casa bebendo e lastimando a falta de amigos que chamem pra sair ou...
Saio de casa sozinho.

Acho que vou arriscar sair de casa.
Vou pro Recife Antigo e quem sabe...
Talvez encontre uma mulher linda e disposta a jogar conversa fora com um barbudo antipático.
Com sorte eu fico bêbado e ainda volto com dinheiro.
Quem sabe eu consiga parar de fumar esta noite.
Quem sabe, quem sabe, quem sabe...

Quem sabe?
Com certeza não sou eu.
Por isto que o risco é arriscado.
Redundante?
Claro, tento gerenciar os riscos, como todo jogador de poker.
Maximizar os lucros e minimizar as perdas.

É isso aí.
Até mais!

Saturday, December 20, 2008

Escrevendo sem pensar no que escrever

Faço análises diárias tentando entender minha depressão e os seus porquês.
É estranho lembrar da minha época de infância, pois eu era feliz, mas tinha medo de contato social.
Eu nunca precisei de ninguém pra ser feliz.

O começo, talvez, possa ser explicado da seguinte forma:
Minha mãe já tinha engravidado duas vezes e ia as trompas, para não ter outro filho.
O médico disse que era muito arriscado e pediu pra esperar 2 ou 3 meses.
Ela esperou e quando voltou pra fazer a ligação o médico deu a notícia:
Você está grávida de novo.
Ela ficou irritada com ela, com o médico e com meu pai.
Sorte minha que os pudores dela não deixariam ela abortar um filho.

Cresci sendo o caçula revoltado que só fazia merda, mas que era muito carinhoso.
Na infância eu era estranho. Gostava de fazer as coisas erradas...
Matava animais das formas mais perversas possíveis, entupia poços, queimava terrenos e causava a intriga entre todos.
A única coisa boa foi que aprendi a ser um líder.
Não, não nasci sendo um líder, mas aprendi a ser um.
Henrique não obedece ordens, adota conselhos.
Consigo influenciar a maioria das pessoas.
Você mesmo que ler este texto... Talvez já tenha acreditado numa das minhas teorias infundadas, mas muito bem colocada.
Liderança não é só ter seguidores, claro, mas é um ponto fundamental. Ainda estou tentando aprimorar um lado mais simpático de ser, menos tímido.
Sim! Liderança é ser o fomentador de pensamentos.
Se não existisse Platão ou Socrates, talvez nem teria esta conversa.
Eles foram grandes líderes, mas tinham um grande defeito: Não gostavam de contato humano.

Longe de mim querer ser comparado com tais, mas com devidas proporções tento ser um destes.

Já pensou no poder que as drogas dão ao viciado?
Não, eu não me drogo.
Só queria fazer a comparação com o poder.
Todos sabem que o poder é mais viciante que drogas, poker, dinheiro ou mulheres.
Você pode ser rico, comedor de gostosas, drogado, campeão de poker, mas o poder é a maior sensação do mundo.
Talvez seja por isso que tenha tanto assassino.
Eles exercem o poder de tirar a vida de outra pessoa.
Já pensou nesta possibilidade?
Você pode decidir se uma pessoa vive ou não.
Este é o maior poder que existe.
O assassino, claro, vai se sentir como um Deus.
Criou e destruiu a própria matéria.

Eu não gosto do poder.
Quem tem poder acaba querendo mais poder e para isso ele ultrapassa qualquer empecilho, mesmo que não seja moralmente correto.
Talvez confundamos o poder com as drogas, pois os dois são viciantes e para largar é difícil pra caralho.
Eu acabei de ver o filme que narrava a vida de Ray Charles. Ele tinha tudo, menos a visão.
Isto o atormentou muito. Ele queria sentir a sensação e se drogou por vários anos.
Aí é que vem a relação do poder e das drogas...
Para largar as drogas ele teve que pesar todo o resto fora: Música, família e etc.

Depois volto

Wednesday, December 17, 2008

Interpretação do último sonho(2)

- Traidor! Traidor! Traidor! - Bradava a voz.

Acordo desnorteado pela voz por trás da porta.
Levanto-me e busco meu punhal na cabeçeira.
As batidas na porta eram fortes e constantes.
Minha mãe e minha irmã estão desesperadas, amendrontadas.

- Traidor! Abra esta porta!

Sigo, cautelosamente, a luz.
3:30h batia o relógio.

- Quem é? - Pergunto.

Sem resposta, só as batidas fortes na porta.

- Quem é?

Novamente, sem resposta.
Depois de longos minutos de aflição, vejo a sombra por debaixo marchar para o elevador.

Ligo a Tv e tento me distrair.
Estava a passar um torneio de poker.
Era a última mão de Rolando de Wolfe para a grande vitória.
Um alvoroço na rua não me deixar ver a conclusão do jogo.
Uma multidão atacava uma senhora que com uma faca matou duas garotas.
A senhora, com sua faca ensanguentada e um guarda- chuva pontiagudo atacava ferozmente.
Um dos bravos homens rende a louca, que se debate no chão.

Um sonho estranho, sem significado aparente, mas com uma lição valorosa:
Nunca deixar a porta aberta.
Não se sabe quem pode aparecer.

Monday, December 15, 2008

Interpretação do último sonho

Tentarei fazer análises diárias de meus sonhos.
Postarei por aqui.


Sonhei, noite passada, que salvava de um assalto, uma linda mulher.
Neste sonho, heróico, após a salvar a donzela em apuros(...) ela se apaixona por mim.

Claramente, este sonho é uma expressão de um temor real e da ansiedade por um relacionamento.
Deve-se notar que uma questão de surpresa(Assalto) o contexto não será o mesmo.
Digo, de um sonho e da vida real.
Possivelmente, se eu visse um assalto não reagiria, pois tenho medo de armas de fogo.
Este é um exemplo da natureza contrária, que não falta muito quando nós estamos a sonhar.

Tuesday, November 25, 2008

Sobre o homem ser mau( Sexo e religião)

Como podemos prever que uma criança, quando crescer, será má?

Começa, claro, pela procriação.
Seus pais, jovens com órgãos genitais na cabeça, transam feito loucos.
Como todos sabem (Espero que saibam) na maioria das religiões o sexo pré-nupcial é pecado.
Este, então, já seria um fator, pois nasceu do pecado, sendo assim a maior culpa dele quando homem.

Então, esta criança vai crescer num mundo onde o sexo é vergonhoso, coisa do demônio.
Chega à puberdade se excitando até com o buraco da tomada e pensa que é um pecador.
Até o ponto que encontra sua Afrodite.

Então, o jovem que nunca matou, nunca roubou, sempre honrou pai e mãe, nunca teceu pensamentos eróticos para com outras é um pecador.
E aflora o desejo de salvação da alma.
Onde tudo o que é humano se rende a uma matéria inanimada.
Sofre dias e noites. Reza dias e noites.
Não consegue tirar de sua pele, de sua mente que, ele, é um pecador sujo.
Neste ponto o jovem tem dois caminhos:
Ou reconhece-se como uma pessoa de natureza má ou espera que seja um hábito e continua a rezar.

Daí em diante ele começa a definhar.
Esquece sua Afrodite e volta-se para a cura, a redenção.
Para alguns isso seria a forma de libertação, mas para o jovem temente a Deus e influenciável este é um passo para trás.
Para ter sua redenção perante um Cristo imaculado ele tem que se igualar a este Cristo.
Isto é impossível, ninguém conseguirá atingir tais teses morais.
Teses, sim. Pois, na prática não se sabe se este Cristo, realmente, nunca teve pensamentos eróticos.
Talvez suas ações fossem exatamente uma forma de redenção.

O jovem em vez de estar reconfortado, está aos prantos.
Pois, sabe que não atingirá sua redenção.

Este jovem, em particular, é o reprimido sexual.
Acontece mais em mulheres, claro, talvez pelo falso moralismo dos pais.
O filho homem, para virar homem, tem que transar.
A filha, para virar mulher, tem que casar.

Sem pormenores, vivemos um cataclismo, uma catástrofe social sem precedentes.
Estamos no século XXI, onde o sexo passou de sujo e proibido para limpo e reconfortante.
Será o fim do pensamento antiquado?
Será uma nova revolução sexual?
Será que o status bom e mau agora se refere, basicamente, a naturalidade que o sexo flui?

Friday, November 14, 2008

Eu quero, eu posso, eu confesso.

Estou com R$10,00.
Pra muita gente isso é grana pra caralho, mas pra mim é troco de cigarro.
Se eu for sair pra beber preciso de, no mínimo, R$30,00.
Contando com cervejas e carteiras de cigarro.

Resolvi não sair.
Notei que tenho que me controlar.
Gastei R$420,00 só em cerveja e cigarro em 14 dias.
Pode parecer muito, mas não foge do padrão.

Então, cheguei em casa, sóbrio, puto da vida.
Abri o vinho caro da minha mãe.
Talvez ela nem se importe, pois acabarei a garrafa ainda hoje.
Se eu sumir com a garrafa ela pode nem lembrar... Faz tanto tempo que está no armário.

Ninguém gosta de admitir que tem um vício.
É difícil admitir isso.
Mas, chega uma hora que não dá mais pra negar.
O corpo precisa daqueles goles, daqueles tragos.

Notei que preciso parar de beber e de fumar.
Mas, quem sou eu sem bebida e cigarro?
Será que perderei a essência do princípio vital?
Não tenho respostas para estas perguntas e, claro, quem ler também não terá.

Vou procurar ajuda nesta semana.
Quero enfrentar as dúvidas e as perguntas sem respostas.
Tenho que parar de reclamar da vida e aproveitá-la.
Mas, no estado que me encontro é impossível:
Mergulhado num barril de chope, curtindo uma vibe depressiva sem fim.

Saturday, November 08, 2008

Imagem e semelhança

Segundo os católicos(:P) Deus fez os homens com sua imagem e semelhança.
Algo estranho de pensar... Afinal, os homens são reflexos de um Deus ou são livres pensadores?

" Criança é estuprada e morta pelo pai"
" Adolescente passa 4 dias sobre mira de arma"
" Filantropo morre de câncer"
" Jogador sofre ataque cardíaco"

Estes exemplos são meramente ilustrativos, não irão interferir na linha de pensamento.

Sempre critiquei esta postura da Igreja de dizer que existe um Deus para as coisas boas e um demônio para as más.
É interessante que até este Deus não assume a culpa de seus atos. Inventa uma nova figura mitológica e coloca a culpa neles.
A mesma coisa fazem os assassinos mais cruéis...
" Eu não matei, seu Delegado. Foi um doidinho que tava passando. Eu sou inocente".

Todos são inocentes. Não há culpados. Não há justiça.
Enquanto todos acreditarem/rezarem para um Deus inexistente, ninguém será salvo.
Por que?
Fácil...
Tudo de bom será porque Deus quis. Você se perguntará quando um filho seu morrer: "Por que, Deus?" e depois dirá que foi vontade Dele.

Bem, basicamente o que queria falar e acabei me perdendo na história é que este Deus é uma farsa ou é um tremendo sacana.
A imagem e semelhança com um macaco é mais precisa, falo do homem, claro.

Pra não afirmar-me como cético farei uma aposta...
Se eu morrer até o dia 17(...) Deus existe.
Se não, ele não existe.
Quero ver este escroto provar que existe agora!
Ha ha

Thursday, November 06, 2008

Barack "Luther King" Obama

Os estadosunidenses mostram ao mundo que também querem mudança.
"Yes, we can".

Movido por ideais dos anos 60, de ícones como Martin Luther King, Obama é eleito presidente da nação mais poderosa do mundo.
A luta pelos direitos civis deve ter destaque neste mandato.
Provando ao mundo que não só homens brancos podem ser inteligentes, como preconizava Richard Dawkins em um dos seus livros.
Passou pelas duas faculdades mais conceituadas do país, se formou com mérito em Direito.
Em vez de exercer a profissão que seria deveras lucrativa preferiu lutar por um sonho.

Obama é quase uma unanimidade no mundo. De Raul Castro e Chavez à Merkel e Putin.
Isto será um novo obstáculo ao jovem Obama: A grande expectativa mundial.

O fato de ser negro num país, ainda, racista foi um dos pontos que favoreceram sua eleição.
Os democratas preferiram ele a Hilary pela possibilidade de um negro assumir a presidência.
E assim seguiu.
Todos os negros devem ter votado em Obama e grande parte dos brancos também.

Como o novo presidente atuará na crise econômica?
Este será o primeiro dos desafios como presidente. Numa situação muito parecida como a que Lincoln enfrentou.

Yes, we can... change.
I have a dream.

Boa sorte, Obama.

Thursday, October 30, 2008

Friday, October 17, 2008

Eu estou te ofendendo?

As pessoas, de um modo geral, tendem a sugar ao máximo qualquer relação interpessoal.
Usurpam o que escutam, usando como palavras suas.
Literalmente, jogam, com a amizade.
Um jogo que não acaba, nunca, no zero.
Um sempre perde.
Este que perde, quase sempre, ficará ressabiado.
Dará começo num ciclo infinito.
Utilizando táticas de guerra, poderá ir pro confronto.
O que ganha continuará ofensivo, mas sem reforçar suas defesas.
Algo parecido com o que Napoleão fez.
A auto-confiança destrói.

Você já pensou nas vezes que seu amigo, seus pais, humilharam e você deixou?
Você já percebeu que ser passivo é pior?

As reações são bem diferentes.
O depressivo aceita calado.
O auto-confiante rebate na hora.
O idiota faz graça da sua própria desgraça.

Não faço disto uma crítica aos que convivem comigo, especificamente.
Mas, cansei de ser passivo.
Este cansaço é decorrente deste sistema: cão e gato.
Todo homem quer se sobressair sobre o outro, como na caça.

No interior utilizam o som e as rodas dos carros, o poder de "pegar" mulheres.
Na capital o negócio é diferente.Nem sempre, claro.
Vê-se muitos falando e falando sobre quantas pegou.
Bem, isso remete a insegurança sobre a sexualidade. Falo de usar a mulher como um alimento.
Come, come e depois caga.
A maioria dos homens da capital utiliza-se dos erros dos outros.
Ainda mais numa conversa informal, numa roda de amigos.

Bem, independente se o homem for da capital, do interior, seja instruído ou não, o que os liga é um complexo:
O tamanho do pênis.
Substituem isso para não parecerem homossexuais.
Então, é fácil achar um homem complexado.
Geralmente é aquele que tem o carro mais tunado, o cara que não quer nada sério, utiliza-se dos erros para atingir o outro.
Para mim, sem delongas:
Todo machão é viado e todo ofensor tem o pau pequeno.

Wednesday, October 08, 2008

Se eu pudesse roubar um sonho

2h da manhã e ainda estava acordado.
Senti o peso de uma tonelada nas minhas costas.
Carregava tudo que via e, na verdade, de nada precisava.
Minha imaginação está parecendo um furacão de idéias desconexas.
Ah! Que saudade do tempo que não precisava ficar trancado num quarto.

Se eu pudesse sair:
Iria ao parque da Jaqueira, ficaria lá, sentado em minha árvore, e escreveria o dia inteiro.

Se eu pudesse viajar:
Seria pra Cuba. Riria das imagens de Fidel e reverenciaria as de Guevara.

Se eu pudesse amar:
Seria interessante. Amaria até o último dia de minha vida.

Se eu pudesse ficar bêbado:
Compraria a fábrica da Bohemia.

Se eu pudesse fumar a vida inteira:
Compraria a fábrica da Marlboro.

Se eu pudesse ser alguém, eu seria, sem culpa.
Se eu pudesse roubar um sonho, eu roubaria, sem dúvida.

A dor de ser um só nunca acaba, prolonga-se em cada noite.
A dor de ser uma máquina defeituosa nunca acaba, não tem conserto.
A dor de ser um sonhador...

As lágrimas nunca acabam.
As doenças nunca acabam.
As fraquezas nunca acabam.
... a vida inteira.

Certezas, faltam.
Dúvidas, sobram.

Será que Deus pode me salvar de uma possível morte prematura?
Crer no espírito santo, na virgem Maria e em Jesus vai tirar de cima de mim essa nuvem obscura?

Dúvidas, certezas.
Vida, morte.

A noite não acaba...
Repito, sem parar:
Se eu pudesse roubar um sonho, se eu pudesse roubar um sonho, se eu pudesse roubar um sonho...

A dor acaba.
A garrafa acaba.
Os comprimidos acabam.
E volto a dormir sem saber no que sonhar.

Friday, October 03, 2008

A prostituição do amor( Partes 1, 2, 3 e 4)

1

João é um cara pacato. Um rapaz de família, casado e com filhos.
Descobriu depois de 20 anos de casamento que a monogamia não era seu forte.
Em todos estes anos reprimia a tentação no banheiro, sozinho.
Mas, agora está com seus 45 anos.
Infeliz, vivendo a crise dos cabelos brancos e quebradiços, resolve procurar ajuda.

- Quanto custa o amor? - Pergunta pra atendente.
- R$40,00 com boquete. - Responde prontamente.
- Eu posso escolher?
- Claro, senhor. É só entrar e pegar pelo braço.

Ao entrar na casa das pocilgas se depara com uma linda mulher de corpo fenomenal.
Um sonho acima de tudo, material.
Se pudesse a compraria e levaria para sua casa.
Pagaria para ter a exclusividade de tocar aquela pele macia.

- Senhorita, poderia saber seu nome? - Perguntou.
- Aqui nome é sigiloso. Vamos pro quarto e você pode me chamar do que quiser.

A situação era demais para o coração velho de João.
A taquicardia já se manifestava devido a imensa emoção.
Um amor sem culpa, só prazer.

Ai. Ai. Vai, gostoso. Mete tudo...

João sedento não parava.
Todos os frequentadores estavam abismados pela gemidos vindos do quarto nas 3h que se passaram.

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2

- Onde estava ontem à noite? - Pergunta, Maria.
- Estava com os caras do trabalho tomando uma cerveja.
- Onde? Qual era o tema da conversa?
- No bar perto do escritório, você sabe qual é.
- Sim, mas qual era o tema desta conversa duradoura?
- Falamos sobre futebol, carros e trabalho.
- João, você nunca saiu sem me avisar.
- Amor, a bateria do celular descarregou.
- E por que está tão feliz?
- Eu não posso ser feliz?
- Não, não é bem isso que perguntei.
- Eu estou feliz pois lembrei de meus tempos de adolescente.
- Como assim?
- Amor, eu precisava disso. Encontrar meus amigos e tomar umas cervejas, pronto?
- Tá certo...
Estou atrasada, faça sua própria comida.
- Maria, Maria.

A porta bate, fortemente.
Mas, o sorriso de João continua intacto.

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3

Duas semanas se passaram.
João estava louco para ver sua galeguinha novamente.

- Maria, vou ter que trabalhar até tarde.
Tenho que entregar um projeto amanhã.
- Então, por que não vem trabalhar em casa?
- Porque perderei a concentração, meu docinho de melão.
- João, João.
- Me espere acordada... Quando eu chegar vamos fazer a festa.
- Que festa, rapaz? João, cê tá estranho...
- Tou nada, mulher. Eu não posso nem mais fazer amor contigo?
- Na última vez nem levantou...
- Epa! Eu disse que eu tava cansado...
- Sei, sei.

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4

- Olá, senhor.
- Pronto, sem conversa fiada... Aqui estão os R$40,00.
- Pode entrar. - Aos risos dizia a atendente.

A galega estava no colo de outro homem.
Esfregando-se, abrindo-se para outro.

- Galega, vamos pro quarto?
- Eu já estou acompanhada.
- Mas, eu paguei pra comer você.
- O que você acha que eu sou?
- Uma puta. E eu paguei pra comer você.

O homem que estava com a galega levanta-se.
Irritado, um daqueles operários fortões e fedorentos.

- Coroa, dá o fora daqui antes que eu quebre tua cara.
- Calma, amigo. Eu só quero o prato que me venderam.
- Bicho, eu tou ficando irritado.
- Tá certo, estou indo embora.

Saindo pela porta a atendente se assusta.

- Senhor, o que aconteceu?
- Tem um rapaz com minha puta.
- Aqui nenhuma é de ninguém. Quem chegar primeiro come. - Aos risos, dizia.
- Então, eu posso comer você?
- Não, eu só recebo o dinheiro, mas podemos marcar algo por fora.
- Como assim?
- Um motel... Eu cobro, pro senhor, R$35,00.
- Tá certo. Me dá o teu celular.
- Não. É melhor o senhor me dar o seu.
- Porra, mas se minha mulher atender?
- Então, marque uma hora pra eu ligar que sua mulher não esteja por perto.
- Ok... Então, 9h da manhã.
- Marcado.
- Sim, mas e meu dinheiro. Eu paguei e não comi ninguém.
- Então, entre lá e pegue alguma das meninas. Nós não restituímos.
- Beleza, gostosa.

João entra, novamente, e pega pelo braço a moreninha baixinha.

- Bora brincar de fazer menino.
- Aí, esse é garanhão.

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Saturday, September 20, 2008

O princípio vital - Bóson Higgs - se esvai

O ínicio do fim:

Aceleração constante.
Os feixes de protóns chocando-se na velocidade da luz.
Assim está meu corpo em conjuntura com minh´alma.
Um choque explosivo, letal.
Uma nova matéria inanimada está por tornar-se ativa.

O fim do ínicio:

A sedução da morte está tornando meu princípio vital uma força única.
É como o Big Bang, partículas dos mais diversos tamanhos chocando-se umas contra as outras para formar uma única coisa.
A partícula divina, Bóson Higgs, é desnecessária neste momento.
Participa do ínicio e morre para a criação do resto.

A passagem atemporal:

Sentado, cansado, aos prantos.
Sentindo o aroma do mato ao vento.
Ah! Liberdade.
Quero expor-me a este novo.

A certeza, apenas, do presente:

Algumas cápsulas milagrosas em meu bolso permitem que
A cintilação da luz da lua seja mais acentuada.
O doce e inebriante gosto do meu próprio sangue esverdeado.

As lástimas regressadas:

Sinto falta do amor, sinto falta de sorrir livremente, sinto falta de viver.
Sinto falta de chorar e de nada mais querer.

A falta de dúvidas:

No lapso mais importante da minha existência, eu, brado do alto da estátua que construi de mim mesmo:
" Prefiro morrer do que viver morto".

A última lágrima:

Meu egocentrismo fez-me escolher meu destino, assim como a idéia do Deus(partícula divina), é preciso morrer para nascer um novo dia.

Saturday, September 13, 2008

A última cerveja

Desataco o cinto.
Torno-me, então, livre para expor minha protuberância abdominal.
Ligo o computador, ainda suspirando.
Uma parte de minha adolescência/vida adulta acaba de morrer.

A depressão, novamente, devasta-me.
Sinto-me incompleto.

O posto da Rosa e Silva acaba de morrer.
Para alguns pode parecer idiota, estranho, mas para mim significa muito.
Este posto faz parte da minha história, faz parte daquilo que escrevo.
Sem mais delongas, vou ao ponto final:

Hoje, 13 de setembro, um sábado sombrio, acaba a última cerveja.
Às 22:27h comprei a última cerveja do posto da Rosa e Silva.
Nada mais apropriado do que este item ser acabado por mim.
Nos últimos 9 anos fui cliente deste posto, daqueles que conhece do dono ao mendigo.
Foi algo interessante e emocionante.
Tinha acabado o turno de Rosa e Dênis(Um casal), entraram Will e Edinaldo.
A última cerveja do posto estava lá, só me esperando.
Uma lata de Skol, retorcida, com vencimento em 11/01/09 proporcionava uma despedida.
Os dois rindo: "Ninguém mais merece esta cerveja do que você, nosso cliente cativo".

Não foi uma despedida qualquer. Não!
Este posto foi mais que um amigo, muito mais.
Lá conheci várias pessoas, lá idealizei a maior parte do que, aqui, escrevi.
Lá foi o local que tornei-me feliz.

É triste ver algo da minha realidade acabar.
Pode parecer idiota, novamente, mas estou chorando.
Não só pelos funcionários(Amigos) que perderão o emprego, mas, também, por mim.
Grande parte da minha vida social foi naquela esquina, com aqueles personagens.
Agora vejo um grande vazio.

Não há palavras suficientes para descrever a minha dor.
Uma dor que transcende qualquer matéria.

No decorrer dos tempos adquiri uma grande curiosidade sobre as pessoas, sobre coisas.
O posto foi a inspiração que superou a manipulação dos fatos, coisa que sempre fiz.
O posto foi a resposta dos problemas, várias vezes.
São incontáveis as vezes que me sentei naquele chão e pensei nas respostas, na minha vida, em tudo.

Não quero escrever mais.
O posto não merece isso.
Despidirei-me dele como sempre faço.
Sem dar adeus, sem até logo.
Simplesmente saindo e não mais voltando.

Tuesday, September 09, 2008

O servidor

- Não tenha pressa, José, não tenha pressa de morrer.
Seja bravo, José, tenha fé.

Aqui e acolá a mulher de José, Maria, repreendia o marido pela falta de amor próprio.
José é servidor público, um súdito de um sistema que nasceu pra dar errado.
Como um Leão, ele foi domado, a duras penas aprendeu a obedecer, baixar a cabeça e ficar calado.
E assim foi os, até agora, 30 anos de serviço.

Aos 58 anos de idade, com quatro filhos e dois netos, José, conta os dias para sua tão sonhada aposentadoria.
Era a luz no final do túnel, tal qual mostraria um novo caminho, saindo da cegueira e ingressando na felicidade da visão.

Parabéns pra você, nesta data querida...

- Feliz aniversário, José. - Todos lhe cumprimentavam.

Quando o silêncio tornou-se notório, José chorou.
Com as mãos trêmulas lembrou-se das angústias que passou a vida inteira.
Desabrochou o sentimento de perda.
Um sentimento que grita em seu peito, urgindo para um horizonte transcendental.
José perdera o medo de morrer.
Mais do que isto, não tinha mais motivações para viver.
Passou a vida inteira se dedicando aos outros, servindo a demônios e hoje sua alma tornou-se independente.
Um hoje desconhecido, como uma imagem que deprecia a idéia de destino.
Ele possui o controle.

- Não deixarei que o stress cotidiano acabe com minha vida, não deixarei que a velhice acabe com minha vida, não deixarei que outrem acabe com minha vida.

E com estas palavras, José, pulou do décimo quinto andar no prédio onde morava com sua família.
Morreu com a certeza que dominava, ao menos, o seu tempo.

Thursday, August 21, 2008

O impacto da cruz.

Ao fornecer uma imagem de Deus, como único criador, sendo morto para salvar todas as outras pessoas, acaba por atrair, de forma perigosa, os fiéis.
Esta imagem deixa todos atordoados, o espírito cala suas vontades e aí que entra o novo juízo de valores.
Valores estes que forçam uma nação, uma população, a aceitar tudo.
Assim é preconizada a vingança da Igreja.
Não uma vingança qualquer...
Esta representa a perda do poder dos que estão no topo da pirâmide social sobre a plebe.
Por conseguinte, esta mudança de poder, torna a Igreja forte e o Estado e os ricos, fracos.
Não uma fraqueza como a comentada no post anterior, mas sim a volta do transmutador de valores.
O papel às avessas.
Explicando melhor esta última parte:
Considerando a visão de Nietzsche - O fraco, não só o que não era forte, mas também aquele que mesmo forte (Como os fidalgos) estavam aquém daquilo que podiam.
O fraco pode atingir o seu platô e ser tão forte quanto o forte.
Este foi o impacto mais forte nos 2008 anos que se sucederam.
Este deixou cicatrizes irrecuperáveis.
Mas, esquecem, os máximos, que esta cruz foi levantada por todos nós.
É só imaginar seu pensamento com o fato hipotético que citarei:
Um homem, nas calcadas de uma avenida movimentada, prega a união, a paz e diz que é o escolhido.

Primeiro o chamarão de louco, depois se afastarão e quando a policia chegar para pregar uma cruz ninguém fará nada.
E o conto de fadas continuará encantando pessoas ignorantes.

Wednesday, August 20, 2008

Adversidades.

O homem tem uma necessidade existencial, esta é tornar-se forte nas adversidades que a vida o proporciona.
Há aqueles que vivem suas vidas de acordo com suas posses ou as que espera obter, mas em contrapartida alguns não reclamam das dificuldades, nem sonham o impossível, mas sim batalham procurando em si as respostas de suas próprias dificuldades, principalmente relativas ao crescimento profissional.

De certo a vocação permite que o homem descubra seus dotes, independente da profissão que ele siga. Aquele que gosta do que faz será um grande profissional em sua área de atuação, mesmo quando o mercado de trabalho estiver em crise, como vemos vários neste milênio.
Uma variante importante, mas não frisada com a intensidade necessária é o talento para exercer determinado trabalho, o que vem a contrapor com a idéia de que a vocação é o essencial para o crescimento.

O homem quando se torna rico, pelo seu trabalho, busca o sucesso, não espera que os fatores determinantes apareçam do nada, do óbvio.
Costuma encarar o fracasso como um obstáculo que ele terá que vencer para atingir sua meta.

O fraco encara todas as barreiras como sendo intransponíveis e, por conseguinte não consegue ultrapassá-las, pensando, pois, que será uma perda de tempo, então resume a própria existência ao que ele pode obter com o mínimo.

Há uma diferença marcante naqueles que buscam o sucesso profissional e pessoal, algo que é fácil distinguir. Esta seria a vontade de poder, uma busca incessante pelo topo, rompendo todas as barreiras irrompíveis e tornando-se o reflexo daquilo que ele acredita ser o supra-sumo.
Existe uma tendência a encarar dificuldades com autopiedade e esta é que torna o homem um ser fraco.

Saturday, August 16, 2008

Por trás da solidão.

- Idiota!

Sozinho, em casa, escutava vozes graves e agudas.
A cada 37 segundos exatos, uma voz anunciava a solidão.

- Estúpido! - Dizia a voz grave.
- Não mereces o nosso perdão. - Dizia o coro que acompanhava o barítono.

- Quem é você?
Quem são vocês?

- A voz por trás do espelho.
A voz que remete ao teu próprio medo.
Sinta o vazio penetrar e afanar tuas emoções.
Sinta, sinta, sinta.
O ato, a consequência, o resultado
de tuas ambições.

Uma rosa, duas balas, um enterro e um espelho quebrado.

Wednesday, August 13, 2008

Check-up geral - Quarta-feira de corno.

A quarta-feira começou para mim na terça.
Senti, novamente, dores fortes no peito e um momento de amnésia.
Pálido e chorando acordei minha mãe na madrugada.
Ela me levou pro pronto-socorro e o médico me passou um calmante.
Pensei:
- Calmante?
Eu não estou nervoso, seu puto!

Tomei, a contragosto, e fui dormir.

Quarta:

A corrediça da cortina está quebrada.
Parou em determinado espaço e teima em não mover-se.
É quarta-feira, como sempre, dia que antecede o meu fim de semana.

Às 07h30m fui para o dentista...
Descobri que pela primeira vez estou com uma cárie.
Possivelmente ocasionada pelo excesso de doce nos últimos meses.
Fiquei indignado, claro.

Às 10h00m cheguei à UFPE...
Tive uma aula desinteressante. Falando sobre micoses, em geral.

Às 12h00m tive que partir, pois tinha consulta com um cardiologista...
O filho da puta não aceitava plano de saúde, era particular.
Paguei R$245,00 para ele dizer o óbvio:
"Você tem arritmia, vamos marcar um dia para utilizar o Holter".
Eu disse:
Bem, meu pai também é cardiologista, ele já diagnosticou esta arritmia.
Se quiseres a gravação posso pedir a ele...

Às 14h00m voltei pra faculdade...
Assisti a uma aula muito interessante sobre imunologia.
Mas, não pude ficar muito, tinha outra consulta marcada às 15h30m.

Pisando no acelerador cheguei ao Hope às 15h04m...
O pneumologista disse:
"Você tem síndrome da angústia respiratória".

Uma voz na minha cabeça disse:
"Pare de fumar".

Saí do consultório beirando às 17h00.
Fumei um cigarro antes de entrar no carro, pois não podia fugir da realidade.

Pisando no acelerador, novamente, fui para o Unineuro, para fazer um encefalograma...
30 minutos de exames, entre tomografia e perguntas imbecis, o neurologista diz:
- O que espera deste exame?

Respondo:
- Uma resposta para minhas dores de cabeça crônicas.

- O resultado só saí na sexta-feira. - Respondeu o arrogante médico.

Às 18h50m saio do Unineuro...
Fumo outro cigarro, paro no Sport Burger pra bater um rango e ir pra faculdade...
Não, não é a UFPE, faço duas faculdades. De noite é na Nassau (Radiologia).
Assisto aula até as 21h15m.
Tive que ensinar para a professora conjugação de verbo.
Fiquei puto, claro, por ser ensinado por uma qualquer.
Uma professora de português que sequer sabe conjugar o verbo fazer.
"Nós fazeremos um teste na semana que vem".
Puta que o pariu esta anta!
Nós faremos, caralho!

Às 22h00m vou ao posto da Rosa e Silva...
O carro já na reserva e a merda do posto estava sem gasolina.
Aproveito para tomar uma cerveja...
Fico com medo - da lei-seca - e tomo cinco para aliviar, ao som de Nirvana, claro.

Às 22 e tantas chego em casa...
Olho pra televisão e a ligo.
Vasco vs Palmeiras.
Não assistirei estes dois times medíocres, então vou escrever um roteiro deste dia idiota.
Escrevi, aqui está.

Monday, August 11, 2008

O escaravelho.

Hoje estava fazendo uma arrumação nas minhas pastas antigas e vi isso aí.
Bem antigo, já estava(O papel) amarelado.
Como tinha muitos erros de português, muitos mesmo,
acho que deve ter sido do período:
99 - 2002.
Tem umas partes legais.
Vou pensar em reconstruir depois.



Fases.
Penso que são apenas fases.
Suplico, mas sem retorno.

Estou ilhado, rodeado de mares convergindo aos meus pés descalços.
Sinto minha cabeça presa ao torno.

Amar.
Um sentimento que deve ser lindo, mas agora ganha outro significado: Adorar.
E o que é adorar?
Apenas um gostar exarcebado.
Uma palavra católica, sentido de idolatrar.

E agora, o que é amar?
Algo que nasce e é semeado, dia-após-dia.
Algo que veres crescer constante,
Até o tempo que a parede é rompida e você cai em si:
Fui enganado.

Traição é imperdoável, assim como a compra de produtos ainda com sobrenadante.
Porque?
Respeitei-te.
Amei-te.
Porque precisavas me trair?

O amor que te dei foi esquecido?
O calor do meu corpo não passou a segurança que querias de noite?
Não há resposta.
Foste a minha droga alucinógena que não faz mais efeito.

Sentimentos.
Inconstantes sensações.
São como o escaravelho, que perfura meu corpo, conduz-se rapidamente pelos tecidos e atinge a fluência do sangue.
Acaba por matar-me.
Transformar-me em lembranças.
Tristeza de uns.
Felicidade de outros.
O suicídio existiu.
Não pude lutar sem bandeiras.

Tic tac...

Encontro-me no posto da Rosa e Silva.
Um lugar onde as garrafas de cerveja sempre estão cheias,
mas em contrapartida, as pessoas sempre vazias.

Noite de segunda-feira, quase 22:00h.
O relógio biológico marcava, precisamente, os segundos que sucedidos.

Tic tac, tic tac, tic tac.
Sabia(...) uma breve explosão estava por vir.

... Um carro pára e saem duas lindas mulheres.
Algo em mim, ainda cheio de vida, protesta contra o relógio:
"Este não é o fim, não antes de transar mulheres como aquelas".

Elas passam, novamente, e o relógio pára, momentaneamente.
A intensidade da luz, vinda de um poste sujo, oscila - como pulsações.
Sorrio, brevemente. Elas, compulsoriamente.

- Ei, olha o passarinho! - Gritou uma das moças.

Olho, então, para baixo.
Reconheço aquele órgão, era o meu afinal.
Desnorteado, peço perdão pela indiscrição.
Dou o último gole da cerveja.
A garrafa, agora, estava vazia e o relógio voltava a funcionar.

A morte de ?Odabi Oudsue

Transtornado, ressentido por excelência.
Acordei com uma vontade oprimida por valores ocidentais.
Minh´alma não pertence a este mundo
.O meu único êxito será a vingança contra a moral de meus genitores.

Pai, esqueça essa esfera que colocas na face, não te sintas superior,
não tenhas o sentimento de indiferença, não penses no teu filho como um sucessor,
mas sim como criador, impulsionado pelo ódio, de novos valores ideais.

Lembra-te dos passeios matinais que fizemos, num campo aberto, sentindo o amor brotar das árvores.

Tenhas, como lembranças, os sorrisos de um menino,
mas esqueças o homem que ele tornou-se.
Este ser repugnante, frio, amargo.
Nesta amargura cresci e desapareci.

Mãe, esta última vertigem de angústia é a passagem deste espírito sem corpo.
Preparei em mim e para mim um fim indolor.
Para poupar a tormenta de acordar e ver-me atirado ao chão, sairei de casa.
O teu filho criou coragem.
Terminarei alguma coisa na vida.
Encerrarei o capítulo da adolescência, da vida adulta.
Liberdade!É isto que desejo.

Não quero acordar sentindo amarras em meus punhos, prendendo-me a uma existência medíocre.
Por isto estes passos não terão volta.

Do pó cresci e ao pó voltarei.
Em conjuntura com uma floresta morta, meu corpo em chamas, descansará em paz.
Entrego meus restos ao sibilar dos ventos.
E, finalmente, regozijo a dor como forma de protesto.
Não deixarei que meus restos sejam julgados e condenados ao exílio cristão. NÃO!
Não chorarão em um enterro fictício, não confabularão missas.
Com este último vingo toda a existência.
A melancolia passou e para vocês só tenho uma coisa a dizer:
Deus acabou de morrer.

Saturday, August 09, 2008

O resultado da vida sem regras

Hoje é um novo dia ou tarde.
Acabo de acordar.
Estou com uma ressaca moral infinita.
Brado da janela de minha casa:
- Este será o primeiro dia de minha vida!

Vou pro banheiro.
Tomo banho, escovo os dentes, despejo na privada aquilo que meu organismo não digeriu.
Estufo o peito, falo com o pássaro cantante e brado novamente:
- Este será o primeiro dia de minha vida!

Visto-me, utilizo de desodorante e perfume para tornar-me único ou não, assim como qualquer pessoa.

- Hoje é o primeiro dia de minha vida!

Entro no carro, tomo um paracetamol, ligo o carro e o ar-condicionado...
E, então, ligo o som.

"... junventude perdida é o caralho. Eu tenho muito mais a dizer..."

Uma nova regra é admitida.
Uma regra que remete aos tempos da ditadura.
Todo jovem deve ser revolucionário.

Marcha ré, faróis ligados, som no máximo,
encontro a luz de meu beco sem saída.

- Sou revolucionário!
Vou pra Brasília e tirarei uma foto, com um cartaz, como protesto.

Tiro a foto sorrindo, não chorando.
Volto pra casa, para meus filhos, mas, principalmente, para minhas especiarias da China, de Taiwan, de Hong Kong, do Vietnã...
E feliz sou por viver regras...
Por saber que alguém comprará minhas idéias,
por saber que continuarei com minha vida como regra e resultado.

Thursday, July 31, 2008

Ensinar o pescador a pescar.

Enquanto coçava meu saco, vendo Tv e comendo bolachas, pensei em algo que nunca tinha pensado, mesmo sendo tão óbvio.

O governo não consegue "cuidar" de todos os necessitados, então vemos tantos passando fome, nas ruas, pedindo esmolas.
Mas, ironicamente, estes, que tanto execramos, que ao passar levantamos os vidros(...) não são perigosos no momento, mas podem se tornar.
É aquele velho provérbio: Não se pode dar o peixe, tem que ensinar a pescar.
Bem, ninguém dá trabalho para menino de rua, ninguém oferece bolsa escola para meninos de rua, ninguém oferece abrigo.
E, então, eles percebem uma nova realidade logo a frente.
Ninguém os ensinou a pescar, mas teimam em não partilhar as sobras do peixe.
Então, começam a roubar, matar, traficar...

A culpa também não seria nossa?
Esperamos tanto do governo que esquecemos da "fraternidade do pão".

É melhor alimentar um pobre coitado ou fazer dele mais um criminoso?

Wednesday, July 30, 2008

Me diz teu preço.

Quanto vale viver enclausurado?
Quanto vale morrer sem ter vivido?
Quanto vale ter vivido os sonhos?
Não vale... Nada?

Quanto pagas para frequentar um culto?
Quanto pagas para não frequentar?
Quanto vale teu direito...
De acreditar?

Quantos beijos já destes?
Quantos foram recusados?
Quanto vale um beijo...
sincero?

Quantas horas ficaste sem comer?
Quantas comeste exageradamente?
Quanto vale...
Um prato de comida?

Quantas vezes ajudaste alguém?
Quantas foste ajudado?
Quanto vale...
Fazer o bem?

Me diz teu preço.
Eu pago o dobro.
Se não quiseres...
Venho com minhas moedas
e te dou o troco.

Quanto vale pagar pela certeza?
Quanto vale ter certeza e não pagar?
Quanto vale...
Ser o mesmo todo dia?

Me diz teu preço.

Tuesday, July 22, 2008

Assassinos, ladrões e pedófilos.

Divagam nas conversas de bar que o homem transforma-se naquilo que a sociedade põe ao seu dispor, mas, sinceramente, não é bem assim.
Ao passo que a sociedade não coloca nas mãos do homem o poder de tirar a vida de uns, ou de roubar milhares.
Mas, não espanta-me ver ladrões de galinha se transformarem em ladrões de bancos, um assassino de oportunidade tornar-se um aberração.
Aberração?
Sim, ora pois, tudo que a sociedade não entende cai em um esteriotipo.
Um assassino, para a justiça, é um criminoso.
Não vejo deste modo, pois vários sofrem doenças incuráveis e o estado não fornece auxílio.
É dever do estado abrigar aqueles que faltam sanidade?
Sim.
Então, porque não se debate isto?

Claro, esta não é a única causa quase improvável para explicar a mente de uma pessoa que foge dos limites.

Li faz alguns anos uma matéria com um pedófilo.
Ele dizia que a menina enviava sinais, dava sorrisos, flertava, enfim.
O pedófilo, na verdade, admite algo que a sociedade execra:
As crianças também tem impulso sexual.
A famosa brincadeira de médico é um exemplo.
Nesta fase acontece a descoberta da sexualidade, das diferenças corporais.
O pedófilo pode não ser um doente mental, uma aberração, pois pode ser apenas um defensor de algo que a sociedade não pode admitir.

Então, chegamos ao caso dos padres...
Os defensores da moralidade!
Pagam para jovens, principalmente homens, para fazer sexo.
Não acho que são aberrações, pelo contrário.
É facilmente explicada esta situação.
Desde novos reprimem sua sexualidade.
Chegam aos 30, como todos, e têm a crise da meia-idade.
Só que a repressão que fizeram, sexual, os faz crer que devem buscar a pureza, assim como a de Maria.
Buscam crianças.

Não condeno estes assassinos, ladrões e pedófilos.
Todos têm fatores interligados:
Falta de valores, repressão, libertinagem, crime.

Um crítico diria que não os condeno porque os sou.
Sim. Tenho, como tantos, fatores desencadeadores de uma resposta, possivelmente por uma agressão(Não só física) que se assemelham com os sofridos por estes.
Mas, não quer dizer que eu seja.

O que realmente difere de uma pessoa normal para uma "aberração":

O poder de ser, fazer e acreditar tudo o que quiser.
Ex:
Um assassino precisa matar pra ser assassino.
Um ladrão precisa roubar para ser ladrão.
Um pedófilo precisa desejar para ser pedófilo.

Se você tem esse poder não procure um padre, procure um psiquiatra.

Thursday, July 17, 2008

Não sei o que estou escrevendo.

Psiu...
Ela olhou.
O momento então parou.
Meus olhos fixos naquela sombra poética.
Juntando os cacos da minha timidez,

Questiono-me:
O que fazer se o momento acabar?
Gritar, auto-flagelar?

Então, ouço a resposta de um mendigo bêbado:
Não, não. Simplesmente relembrar.
E até confiar, que um dia tudo voltará!

Cético, questiono, novamente:
Mas, nem tudo volta. E se não voltar?

A resposta vem a galopes:
Só tem uma solução - Se matar.

Assombrado, penso em voz alta:
E se tudo o que existiu se esvaiu junto com palavras?

No último gole, o mendigo brada:
Não tem outra solução, erraste. Causaste decepção.
Descontentamento pelas ilusões criadas por cima da razão!

Pergunto:
E o que seria isto, senhor insano?

Responde:
Todas as dores que alfinetam o teu coração.
Sentes calafrios com um beijo?
Então está diagnosticada tua situação...
Sofres de amor reprimido, saudades da libido.

E a nova única solução:
Viajar nos momentos que antecedem a depressão!

E se eu não quiser viajar?
Então, porra, chega junto e assume tua posição!

... Tropeçando em garrafas aproximo-me.
Coloco um Halls na boca, dou uma conferida para ver se eu estou cheiroso,
Olho para um lado e para o outro.
Uhm... Que gostosinha.

- Senhorita, em pouco mais de 10 minutos sonhei minha inteira contigo.
Antes que me aches um psicopata, tarado, quero que saiba que o amor era intenso.

Ela vira, bruscamente, e grita com uma voz grave como nunca vi:
- Boquete é 10, mas para tu faço por 5.

- Vai tomar no cu, traveco de merda!

E assim acaba mais uma noite?
Não, o álcool da Terra ainda não acabou.

Tuesday, July 15, 2008

Vomitando na Bíblia

Do martelo à roda:

Produto - Formação de uma sociedade.

Sub-produto - Busca pelo poder.




O exemplo não é apenas ilustrativo.

Se retirarmos parte por parte...




O martelo seria este Deus.

A força motora que conduz o martelo à madeira - no caso o homem - seria a grande explosão.

A roda seria a obra-prima, uma criação rápida, mas duradoura.

Então, depois deste processo de transformação da matéria, a roda tornaria-se secundária, pois daria origem a novas visões.




O homem forma(Presente) estruturas baseadas na roda(Natureza), mas continua a afirmar que existe um Deus.

O martelo ficou no ínicio, só participando de um processo parecido com a meiose.

Ele não voltou para a história.

Por que Deus seria o iniciador, o resto ficaria com o homem.



Então, apareceria o sub-produto(Busca, incessante, pelo poder).

Este é o combustível da transformação da roda, de fato.

Esta busca poderia ser idealizada como a junção da força, do contato e da superfície?

Não.

Mas, continua-se acreditando nisto.



Aqui, por metáforas, foi exposto o ponto de vista daqueles que acreditam num Deus onipresente e naqueles que acreditam num Deus morto.



Se o martelo pára de agir a roda continua a ser modificada.

Se uma roda não tem controle ela continua girando até o infinito.

Se este infinito(Sem fim, mas com começo) for resultado da trasnformação de uma força maior, então a única conclusão é que o Deus, onipresente, se faz de tonto.

Mas, se este infinito for transformação, puramente, do acaso(...) o Deus se tornaria inexistente e sem sentido.



E quando este Deus é inexistente?

Quando ele está morto ou quando nunca existiu.



Mas, afinal, o que significa ser um Deus?

Ser senhor dos destinos dos outros?

Ter força descomunal para agir contra injustiças?

Ora pois, nós somos Deus.



As religiões foram formadas com base na fé, mas esta mesma se volta contra quando o adepto precisa de um milagre.

Milagres existem, mas não são oriundos da ação de uma força maior.

Podem ser ocasionados pela vontade do adepto ou por mero acaso.

Afinal, se você não pode provar que algo existe tem a obrigação moral de dizer que existe a dúvida.

E o mesmo acontece com o acaso.

Na vida, na natureza, em tudo, há o acaso.



Deus seria o acaso?

Bem, agora estou em dúvida.

Friday, July 11, 2008

Filosofia, ideologia e adolescência.

Peguei no sono, no final da tarde, e quando estava prestes a acordar aconteceu algo que há tempos não acontecia.
Um sonho interessante.
No sonho eu assistia uma palestra onde eu era o palestrante.

Eis o que saiu deste sonho:

Estava sentado na primeira fila, esperando o início da palestra que poderia mudar minha vida.
A própria revolução do ser e estar.
Talvez a dúvida que a arte tanto tenta demonstrar seja mais fácil de ser respondida.
Por que existe um Deus e não o nada?

- Senhoras e senhores, aplaudam o autor do livro: Os conceitos de auto-afirmação e iconoclastia. - Encantado, o locutor.

Todos ali eram leitores assíduos de filosofia do século XVIII.
E todo leitor desta aprende a não fornecer poder a ninguém.
Aplaudir algo é diminuir-se.
Assim como caracterizar algo como verdade absoluta.
Não podemos pensar que algo existe sem uma comprovação ou várias.
E mesmo que venham várias confirmações, temos a obrigação de colocar a dúvida em primeiro lugar.
Mesmo que a tendência seja seguir o rebanho atrás de um pastor.

- Eu não estou aqui para ensinar a pensar, pois isso não é filosofia.
Vou expor meus pontos de vista e espero que fiquem calados, não por respeito, mas por consciência. - Falou, Rique Farr Sunsa.

- Então, o filósofo não ensina o pensamento crítico? - Perguntou o locutor.

- Meu caro, o ato de pensar não é ensinado, ele reaparece com características semelhantes àquelas que já presentes na sua família.
O pensamento crítico, ainda mais, o filósofo não ensina.
Ou melhor, ensina, quando quer fazer uma lavagem cerebral.
A indução de uma pessoa a fazer e crer em determinada coisa.
Acontece muito e a maioria dos que fazem isto não são filósofos.
A filosofia é atrelada a isto porque o homem retira a casca e deixa os frutos apodrecerem.

- Quando você fala da retirada de uma superfície, na verdade, quer falar que o homem utiliza a filosofia àquilo que ele necessita? - Perguntou, uma senhorita que estava sentada ao meu lado.

- Exatamente, senhorita.
Geralmente o que interessa ao homem é o poder e este só vem quando purificamos o que não pode ser purificado.
Um grande exemplo disto é o que se passa nas ditaduras, nas religiões evangélicas e em qualquer linha onde o certo é absoluto.
Numa ditadura, o homem, usa uma ideologia para atrair outros homens.
É o espírito de rebanho.
Hitler utilizava sua dialética perfeita, discursos acalorados, para expor seu ódio aos semitas.
Assim como um pastor de uma igreja utiliza a mesma dialética de Hitler só que para atrair as pessoas para uma vala.
Esta vala é o final do pensamento próprio. Quando o homem deixa ser dominado por outro.
Então, segue-se tudo aquilo que o mestre da dialética fala.
A filosofia vem, então, para balancear.
Ela oferece indagações para que o homem as utilize em sua vida e torne-a menos alienada.
O problema é que não vemos a filosofia e a ideologia como uma coisa só ou quando vemos fazemos uma ligação errada.

- E a relação do jovem com a filosofia? Por que é tão intensa a admiração pelos filósofos que são contrários ao absoluto? - Perguntou uma senhora.

- Bem, vamos lá.
Esta relação deve ser contida, organizada.
Um jovem não pode começar a ler filosofia por Schopenhauer ou Nietzsche.
Por ainda estar em formação pode ser prejudicial.
A tendência do jovem é se encaixar em algum estereotipo, ele não quer ser o nada, o ninguém, não quer ser o mais amado.
Ele quer o meio termo.
Onde ele é amado e odiado.
A admiração é causada pelos conflitos interiores do jovem.
Ele quer ser a revolução, assim como foram tais filósofos.
Ao ler sobre rebeldia, destruição de dogmas, ele pode agir impulsivamente e acreditar piamente no que lera.

Sunday, July 06, 2008

A cova de Luís

Final de tarde, o relógio já batia 17h.
Luís caminhava pela estrada de barro, procurando respostas.
Andou por quilômetros até que percebeu que estava longe de casa.
Olhou ao horizonte e não via nada, nem a luz da lua poderia iluminar aquele pedaço de terra.

O dia foi tumultuado para ele.
Perdeu a noção da realidade e matou seu próprio espírito.
Quando viu uns jovens, brincado de ser felizes com tão pouco, ficou irritado.
As respostas que buscava estavam ao seu alcance, perto daqueles jovens.

- Qual é o segredo da felicidade? – Perguntou para os jovens.

- Felicidade não tem segredo.
Basta fazer algo que gosta, sem preocupações. – Respondeu um deles.

- Felicidade é viver sem dinheiro e ainda rir dos próprios problemas.
É viver de verdade, livre, como um pássaro. – Seriamente, respondeu outro.

Luís escutava os jovens e pediu para unir-se a eles em tal convenção do riso.
Os adolescentes, adultos jovens, claro, não fizeram objeções.

- Passei o dia inteiro procurando respostas, mas estas estavam na minha frente.
A cura da depressão é o álcool e um encontro com pessoas que compartilham das mesmas idéias. – Rindo, Luís, dizia aos jovens.

Assim foi a noite inteira, risos e álcool.
Quando todos estavam se despedindo de Luís para voltar para suas casas, ele lembra que não tinha para onde voltar, pois abandonara tudo e todos.

- Antes de irem podem ajudar-me?
Preciso cavar um buraco.

- Claro, senhor, mas precisaremos de pás...

- Isso não é problema, na fazenda ao lado têm várias no estábulo.

E assim foram todos, pegaram as pás e começaram a cavar.
Sem fazer perguntas, pois achavam estas desnecessárias, pois confiavam naquele senhor.

Quando o buraco estava cavado, Luís, retira a arma da sua cintura.
Assassina, a sangue frio, os cinco jovens.
Os corpos foram jogados neste buraco, nesta cova.
E ninguém mais será feliz perto dele.

- Deus, cavei minha própria cova, mas achei cadáveres melhores.
Aceita isso e dá-me a redenção.
Nesta hora um carro passa, era a policia procurando por Luís.
A resposta de Deus foi rápida.
Não há justiça sem crime.
Luís assassinou a decência, os bons costumes e agora terá tempo para fazer outra cova.

O dedo que aponta

“Os homens são muito mais preguiçosos do que medrosos e temem acima de tudo os aborrecimentos que uma transparência e lealdade absoluta lhes atrairiam”
Nietzsche

Hoje pude repensar vários temas, pude lembrar quem eu sou e aprendi muito, também.
Depois de uma crise hipertensiva, um colapso nervoso, muito ódio percebi que o dedo que aponta é o mesmo que, consumido pela culpa, prega a revolução pelo amor, a mesma revolução que Gandhi pregou muito anos atrás.
Mas, afinal, como pode a revolução pelo amor julgar e acusar sem provas, ridicularizar, oprimir?
Não, não pode.
Esta revolução não é verdadeira.
Não que o amor não seja uma revolução verdadeira, pois é.
Mas, o uso com a “má-consciência”, descrita por Nietzsche, faz com que esta seja invalidada.

A moral do rebanho, um modo de manipulação utilizada por vários políticos, também é usada por aquele que aponta o dedo para quem faz política.
E o que esta moral prega?
Que um homem ou domina ou torna-se dominado, descrito pelo filólogo como parte do espírito de rebanho.

Então, não seria incongruente, no mínimo, pensar que uma pessoa que divaga sua voz como a síntese do novo revolucionário gandhiano, agir contrário ao que prega diariamente para todos?
Ainda mais quando levamos em consideração que apenas o homem, dotado de sua razão diminuta, pensa que é superior à outra pessoa?

E assim o homem que aponta para acusar viverá toda sua vida.
Num mundo em que a certeza relaciona-se com suas palavras, onde o errado é não concordar com o absurdo.
O homem que julga não é aquele que crescerá sozinho, tendo em vista que em seu conflito interior este ulilizará sufismos e necessitará que outros escutem suas palavras.
Depois desta breve introdução, descreverei, sucintamente, a ação de um destes homens.



Perguntaram a um homem o que ele achava da injustiça.
Ele pensou durante horas e não deu uma resposta.
Quando chegou em casa, pegou seu computador caro e começou a escrever sobre a injustiça.
Escreveu um texto belíssimo, copiado em partes de alguns sites de internet, por não ter capacidade de desenvolver uma teoria, mas que não tira a beleza do texto.
Causa um frisson entre as damas e seus seguidores.

Acorda no outro dia, dá um beijo em seus filhos e brada:
“Eu sou a revolução!”

Entra em uma discussão, onde oprime e é criticado por esta opressão.
Como sua característica opressora é superior ao seu senso moral, ele expulsa de seu convívio aqueles que suprimiram suas agressões.
Então, se vê desnorteado quando a injustiça é cometida por ele.
Quando os mais leais amigos e colegas o criticam.
Pensa, logo conclui:
“A minha voz não pode ser calada. As minhas verdades absolutas não podem ser criticadas”.

O homem quando se vê perdido, sem escapatória, criticado, faz o que nenhum outro homem faria:
Aponta o dedo para aqueles quais nutrem aversão à injustiça praticada.
Bola um plano maquiavélico, fantasioso, para justificar seus próprios erros.
Pois o homem que aponta o dedo não erra, então não tem que justificar seus atos impensados.

“O poder está intrínseco”.

A repugnância daqueles que ele acha que são adversários é facilmente explicada por ele:
“Quem não ama Deus, não ama a si próprio”.

O homem torna-se escravo da opinião pública, pois sem esta opinião estaria vendendo passarinhos em feiras ou mostrando cartazes para cegos no meio da praça.

O dedo que aponta para uma pessoa deve lembrar quantos apontarão o dedo para ele.
E mais do que isso.
O dedo que aponta tem que aprender que a justiça é cega, surda e muda, mas ainda assim é JUSTIÇA e não deve ser manipulada.

Monday, June 30, 2008

O sertanejo.

(MÚSICA)

Ô Pai, onde estão meus filhos?
Ô Pai, onde está minha mulher?
Saíram de casa para comprar cigarros.
Já fazem meses e eles não voltaram.

Ô Pai, que justiça é esta?
Me deixastes sozinho em pleno sertão nordestino.
Perdido, decidi fugir(...) para a capital.

Será este o meu destino:
Fugir de meu próprio sítio.
Ou será que voarei por dias e meus filhos estarão comigo.

Ô Pai, a vida na cidade é injusta.
Sem dinheiro, sem emprego, ficava com fome.
Um jovem rapaz me ofereceu cola.
Cherei dia e noite e roubei, um rapaz.

Será este o meu destino:
Ser um ladrão, viciado, clandestino.
Ou será que isto é uma ilusão.
Acordarei do sonho e meus filhos
estariam comigo.

Um belo dia um rapaz chegou em mim.
Disse: " Senhor, outra noite você me roubou".
Com um canivete não me contive.
Enfiei em seu peito e corri sem parar.

Será este o meu destino:
Ser um ladrão, viciado, assassino.
Ou será um rito de passagem.
Da vida a morte eu serei o último caminho.

Será este o meu destino:
Morrer sozinho numa tarde de domingo.
Ou será que esta é a resposta para as dúvidas.

Ô Pai, onde estão meus filhos?
Não sei se estão mortos ou se estão vivos.
A incerteza me deixa tão down.

Ô Pai, onde está minha vida?

Wednesday, June 25, 2008

A falta que você me faz.

16h: Palestra sobre vontades, refletidas numa lógica.

- A vida, caros senhores, é um estreito caminho.
Podemos percorrê-lo, audaciosamente, correndo, ou, timidamente, aproveitando o medo como ordem das coisas.
Todos temos uma vontade enlouquecedora do viver, como verbo mesmo, não ter um fim.
Pois, ao pensarmos na existência do fim tentaremos inibir a dor, então, nos afastaremos de quem amamos.
E este pensamento é lógico, como qualquer cálculo matemático, exato.
Ao se apaixonar uma pessoa entrega a outra o seu próprio destino.
A relação de um homem e de uma mulher, quando apaixonados, é semelhante a do cristão com o seu Deus.
No dia em que o amor da sua vida morrer, então, você pensará no mesmo que um ex-cristão e atual ateu pensa.
Se Deus está morto, não existe razão para dar prolongamento a vida.

18h: Hora do encontro com o filho e a mulher.

Dirigindo um carro importado, a prova de balas, com todo conforto possível, o escritor Heindrich Nepton lembrava de como era sua vida anos atrás.
Não tinha esperança, não tinha dinheiro, era um frustrado.
Estas três foram fundamentais para o surgimento de seu primeiro livro, um best-seller.
"O dia em que Deus me matou".
Ele não esperava um sucesso, pois o livro não tinha nada de extradiornário, era simples.
Uma narrativa sobre a sua própria vida, a relação com Deus e todas suas angústias.
Então, 5 anos depois, se tornou rico, cheio de esperança, sonhos e realizado.
Sua primeira namorada, na primeira transa, engravidou.
No ímpeto a pediu em casamento.
Estava chegando aos 30 anos, era hora mesmo de casar, assim pensava.
E a vida de casado, para ele, é uma felicidade.
Pois, agora ele não precisa se masturbar, não precisa lamber a tela de um computador.
Para ele isto era o fundamental no casamento.

- Papai! - Gritava o jovem Joshua, ainda na sacada da janela.
- Desce aqui, filho.
Papai tem uma surpresa...

O menino, como sempre, adorava os presentes do pai.
Robôs, bonecos, tudo de última geração.
Mas, agora era diferente.
Heindrich queria mostrar ao filho como era viver com pouco.

- Papai, cadê meu presente, cadê?
- Vou dar uma dica...
Está dentro do carro.

O menino ficou ansioso, procurou por 20 minutos e não achava nada.
Aos prantos, por pensar que o pai tinha esquecido do aniversário, ele descobre um pequeno pedaço de papel, grudado no volante.
Era uma inscrição numa escolinha de futebol.

(To be continued)
Estou com fome, então, vou beber.

Monday, June 23, 2008

O crucificado.

O estrondo causado por um passado atípico é eminente quando
percebemos que nossa descendência é cristã.
Regados por álcool ou não, descobrimos que a existência é uma derivada matemática.

A morte, a incompletude do ser, a inquietação, eram fatores predisponentes à depressão quando jovem.
Um rapaz simples, sem grandes planos, sem preconceitos sociais.
A arte me convertera no criminoso na civilidade pueril.

- Onde estás, Deus?
Onde encontrarei as respostas das dúvidas que atormentam o meu sub-consciente? - Perguntava, olhando ao céu.

- Se existires serás tu um medíocre ícone, uma imagem depreciativa da bondade e dos costumes.
Nunca pensei na falta da tua existência, mas, neste momento, esta ausência tornou-se o combustível criativo.
Juro que nunca matei, nunca roubei, nunca fiz algo, conscientemente, para denegrir a imagem de um igual, mas a vida tornou-me anticristo.

Ao não acreditar na boa vontade, no Cristo, tornei-me réfem dos pensamentos pessimistas dos Nitzschens modernos.
Não sou forte para acreditar numa sociedade opressora, não sou forte para viver sem um criador, não sou forte para sobreviver ao caos.
O homem fraco é o homem morto.
A morte não precisa ser sentida, na pele.
Estou morto, como tantos outros, por pensar que o existir é errôneo.
Estou morto por pensar que a vida é um processo natural dos humanos.

O bem e o mal não são fatores predisponentes ao caos, pelo contrário, eles não interferem.
Um homem não nasce com um genótipo de assassino, ladrão, louco.
Ele torna-se isso devido ao seu fenótipo, ao ambiente em que ele vive.
Então, o que posso divagar sobre a pessoa que me tornei?
Pensei, horas, sobre isto, mas só lembrei de certos fatos:
Não tive pai, não tive mãe, não tive amor.
Este pensamento refuta minhas dúvidas sobre a existência de um Deus ou sobre um carma.
Como Deus fica vendo um "filho" apodrecendo numa prisão sem grades?
Como ele pode condendar-me, ao pensar que o suicídio é a única escolha?

Não acredito que seja Carma.
Se fosse, eu, já estaria morto ou preso.

A minha existência é a prova de que Deus não existe e de que não há re-encarnação.

Por que não consigo me matar?
Por que tenho vontade de existir?
Será porque o suicídio é o final da desculpa esfarrapada que sempre proferi( A existência, sendo única, deve ser aproveitada a cada momento)?

- Deus, Demônio, Alá, Moisés, Buda, por que fizestes isso comigo?
Por que tornaste-me um soldado voluntário da inexistência de valores?
Eu não mereço, eu não mereço!

Sozinho, num quarto, com um punhal em mãos, penso em acabar com a vida, tornar o branco da paz, no negro da solidão.
Sem alma, espírito, descansaria minha tão cansada existência.
A moral, ou a falta dela, seria preponderante nesta caminhada ao infinito.
Mas, a esperança vem e torna a macilante face em sorrisos sardônicos.
Vingar-me da vida, tornando-a um inferno dantesco.
Esta será minha última e única reinvidicação!
Então, a vingança seria correta.
Se houver um Deus, ele estaria sentido, aos prantos, chorando por um filho.
Se não houver, a dor, seria a cruz que carregaria para o solo.

Uma cruz e o punhal em mãos.
A fé e a falta dela, andando juntas, numa união carnal.
O pulsar intermitente torna-se um pulso breve.
A escuridão cerca, crucificando aquele que sempre quis a salvação.

Thursday, June 19, 2008

O amor no tempo do câncer social.

- O que pensas da vida, Sarcoley? - Perguntou, Inara.
- A vida é como um baseado, minha linda, fumamos e fumamos, mas um dia chega ao fim.
Quando o final está próximo sonhamos com outro baseado, mas o traficante sempre está longe.

Inara olhava para Sarcoley, mas não percebia a profundidade de suas palavras.
Pensava que ele estava apenas bêbado, como de costume, jogando com as palavras.
Então, Sarcoley, completou:

- Ontem era o hoje, o tempo passou e nem percebemos que um novo alvorecer estava por vir.
Os momentos que vivemos, no passado, sempre estarão no passado, como lembranças de uma vida terna ou turbulenta, mas estas lembranças serão obsoletas quando comparadas com os sonhos futuros.
Sempre, evolutivamente, quereremos mais e mais.
As barreiras morais serão transpassadas quando notarmos que a cada dia baixam centímetros.
Um dia acordaremos e veremos que a vida não existe.

O silêncio tornara-se uma névoa, passageira, mas prolongada.
Sarcoley e Inara, entre goles, tragos e olhares, pestanejavam uma lua minguante.
O barulho da chuva, os sons dos carros, os grilos cantantes, não eram capazes de ocultar as vozes dos inocentes.
Perceberam que o ambiente, em que estavam, era de adolescentes, recém saídos das fraldas.

- Sarcoley, a moral existente fundamenta-se na realidade dos tempos modernos.
Imagine se nós deixássemos de lado os preconceitos, as defesas sociais, e quiséssemos viver numa terra macilante?
Será que a vida dos jovens adultos seria a mesma?
Os sonhos futuros seriam prósperos?

- Não, Inara.
Não quero viver sem minhas defesas, sem meus defeitos.
A terra macilante render-se-ia ao divino.
Os jovens adultos, revolucionários, como sempre, tirariam o poder dos tolos que pensam num futuro dependente da racionalização.

O último beijo acontecia.
Antecedendo uma tempestade de dissabores.
Os dois cruzavam uma linha.
Desta só os ignorantes passaram.
O adeus da racionalização.
As boas vindas à emoção, vigente num sentimento novo, para os jovens intelectuais:
O amor.

Monday, June 16, 2008

Discutindo Nietzsche.

"As espécies não crescem em meio à perfeição:

Os fracos sempre se tornam novamente senhores sobre os fortes.

Isto acontece porque eles estão em grande número e por que eles também são mais inteligentes...

Darwin esqueceu o espírito, os fracos possuem mais espírito...

É preciso ter necessidade de espírito para obter um espírito - nós o perdemos quando não temos necessidade dele. Quem possui a força se desprende do espírito".



Nietzsche interpretou muito bem a relação da fraqueza como uma forma de libertação.

Distinguia neste ponto os valores.

Separando o corpo do espírito ele mostrou que os pobres(Fracos) se sobressaiam dos ricos( Nobres fortes) por ter um senso de moralidade mais apurado.

O homem, por Nietzsche, acaba por formar uma distinção entre o agir corretamente e a ação propriamente dita, feita pelo homem.

Ele leva a crer, neste trecho, que a maioria vence, não por estar em maior número, mas por desacreditar na hipótese do homem como criador das normas de conduta.

Thursday, June 12, 2008

O dia do bêbado solitário.

Pensei várias coisas hoje.
Levantei às 2:00h da manhã e começei a estudar.
Tinha três provas hoje, fiz as três com excelência.
Mas, quando cheguei em casa, feliz, por saber que tinha feito o meu melhor nas faculdades,
deparei-me com a infelicidade.
Ela chegou, sem bater na porta, e entrou arrogantemente.
Dia dos namorados, estou sozinho, no mesmo quarto branco, com os mesmos quadros e livros.
Não tenho ninguém para dizer: Eu te amo.
Então, tentei sonhar com a possibilidade de uma mulher se apaixonar por mim.
Via um corpo fenomenal, mas sem rosto.
Seios bem delianos, mas sem cor.
Ah! Se eu pudesse ser Deus.
Me vingaria do destino e faria um harém.
Mulheres de todas as cores, credos, filosofias de vida.
Mas, nada é perfeito, nem os sonhos.
Até porque os sonhos são materializações dos desejos, mas uma hora ou outra a realidade, enrustida, se volta aos sonhos.
O harém é desfeito, volto a ser um solitário com uma cerveja na mão.

Percebi que todo homem acha em si os próprios limites de seus sonhos,
talvez para não fugir da moralidade.
Queira ou não queira os melhores sonhos são os amorais...
As vontades, desejos, ficam suprimidas por comparação com a realidade.

Hoje, encontrei em mim o retrato do mundo, como não é visto.
Vazio, sem explicação, destrutivo.
Tornei-me um sofredor voluntário, não pelo mundo, mas por mim.
Pois, esqueci o que é felicidade, por preferir sonhar, por preferir não se arriscar na realidade.

Hoje, bêbado, solitário, depressivo, descobri...

Não sou uma metamorfose ambulante, não sou nenhuma revolução, não sou um gênio,
não sou amado, não tenho
NADA.

E não diga que estou errado.
Pois, não sei quem é você, não me importo.
Minha vida é uma tragédia, mas esta me torna vivo.

Wednesday, May 14, 2008

Amor para a vida inteira.

Este gosto amargo desdenha do meu apurado paladar.
Volte para seu cubículo e traga um Bourgogne tinto ou Bordeaux.
Contarei a história da minha vitória sobre a vida.

- Embebes-te de vinhos caros, como a lua, macilenta, envaidecendo-se na noite gélida.
Saibas tu que não moverei meus pés calejados desta cadeira.
E tampouco desejo escutar as histórias de um bêbado charlatão.

- Não vês que estás de frente de um Deus?
Perdoarei suas palavras ásperas regozijando um bom trago de vinho.
Deixas teu fanatismo nas fisgas da porta ao teu lado.
E só retornes com meu vinho.

- Montarei o cavalo branco e não mais voltarei a este recinto.
Na noite, presente, atravessarei rios e mares para fugir de tuas palavras insensatas.
Regojize-se com meu desprezo ao que tens a me falar!

- Insolente! Não ouses mover-se deste bar.
Não antes de trazer-me um bom vinho.

- Trôpego e arrogante.
Faço um última caridade.
Tomas esta bengala e vais, com tuas pernas falhas, pegar o vinho.

Galopando durante horas, Sarcoley, refugia-se no alcoice do deserto.
Agarra a primeira Chininha que passa e a leva pro quarto.
5 minutos depois, satisfeito, acende o último cigarro.
Mal sabia ele que o trôpego, Jéveux, aproximava-se velozmente.

- Neste leito, torno-me o último a apreciar o doce sabor de teus lábios.
Estes lençois, branco-gelo, inundados de sangue, serão tuas últimas vestes.
Morrer! Este é o teu destino. Morrer!

Neste momento, Jéveux Guinevere, adentra pela porta imunda.
Vê o esganiçado trovador, Sarcoley, com a boca ensanguentada.
Em sua mão esquerda um punhal de época.
Na direita o coração, ainda pulsante, daquela jovem menina.

- Se não posso ter teu respeito, Jéveux, então tiro aquilo que tu tens mais apreço.
A tua doce filha.

- Minha filha, tua mulher, está morta, Sarcoley, viste o enterro dela.
Acabas de matar uma prostitua qualquer, inocente.
Talvez uma mãe de família.
És uma pessoa doidivanas.
Não mereces meu apreço.

- Morrer! Este é teu destino, Jéveux. Morrer!

Ensanguentado, Sarcoley, saí a cavalgar.
Com os corações da chininha e do velho Jéveux em sua bolsa.

Wednesday, May 07, 2008

Mais alguns microcontos.

Deus nunca esquece seus filhos.

- Deus por que esqueceste de teu filho? - Bradava, o jovem, de sua janela.

Neste momento um caminhão desgovernado adentra pela janela.
O rapaz morre.
Duas frases eram visíveis no para-choque:
" Deus é fiel" e "Deus nunca esquece seus filhos".

Fumar causa câncer de pulmão.

O médico estava sentado, tossindo seco, fumando um cigarro na entrada da clínica.
Um paciente antigo viu, do outro lado da rua.
- Doutor, estás fumando?
Qual a imagem que queres passar para teus pacientes?
- Claro que estou fumando José.
Estás vendo este papel que carrego na mão?
- Sim, estou vendo, doutor.
- Esta é minha mensagem para meus pacientes.
- E o que nele contém?
- O confirmatório de câncer de pulmão.

Total flex.

Renato comprou um carro novo, um total flex.
Chamou, então, os amigos para comemorar o feito.
Depois de muitas doses ele decide ir pra casa.
Quando entrou no carro viu que estava sem combustível.
Na sua cidade os postos fecham de meia-noite, em ponto.
Como já passara desta hora pensa em provar se é verdade mesmo, que o carro pega com álcool.
Tira seu pênis e mija no tambor de combustível.
O carro não pegou.
Ligou para o vendedor e falou:
- Vocês vão devolver meu dinheiro, seus mentirosos.
Disseram que o carro pegava com álcool.

Nietzsche e a sede.

Nietzsche estava sozinho, em casa, apalpando seu escroto carregado.
Foi até a geladeira e não tinha nada para beber.
Então, olha para baixo e diz:
O que não nos mata, nos fortalece.

Viva a re-ovulação... Ops... Revolução.

O professor de literatura entra na sala de aula e, calmamente, diz:
- Bom dia, pessoal, hoje quero que todos falem sobre revolução.
Então, uma menina franzina responde:
Professor, eu não me sinto a vontade para falar sobre meu ciclo menstrual.

Alguns microcontos.

Homossexualismo anti-fundamentalista.

João chega em casa e vê seu filho de 12 anos desnudo.
Então, indaga:
- Filho, por que estás assim? Onde está tua mãe?
- Mamãe está no banheiro, com uma faca cravada no peito.
Agora você é só meu.

Mulher possessiva.

Luana era uma mulher possessiva.
Um certo dia viu seu namorado segurando a mão de outra.
Sem hesitar puxou o canivete, que guardava por proteção,e enfiou no peito da outra mulher.
Seu namorado chorando, indignado, grita:
- Era minha mãe, sua louca!
- Ah! Desculpe, mas ela tem que aprender a não tocar naquilo que é meu.

Conversa entre átomos.

- Hey H, me responde uma coisa...
Como podes ser tão pequeno e ainda achar que é uma ameaça?
- Bem C, que tal irmos para um lugar mais quente, com a temperatura ambiente, assim me sinto confortável para te responder...


Corno vidente.

André chegou do trabalho, cansado, querendo um carinho da sua neguinha.
Entra na sala, já se despindo:
- Mulher, teu macho está em casa.
Nesta hora a porta do armário é aberta, dela sai um homem de 2m.
- Como sabias que eu estava aqui?

O afogamento.

Humberto e Jarbas caminhavam embriagados por uma rua deserta.
Jarbas deitou na calçada, pois não conseguia mais andar.
Humberto não o viu, pensou que ele tinha se escondido.
Então, tirou seu pênis e começou a urinar.
Jarbas, desesperado, grita e Humberto corre.
O primeiro liga pro 190, ainda desesperado:
- Deus do céu, socorro, estou me afogando.

A igreja vs. Galileu.

A Igreja estava lotada, num dia chuvoso.
Era missa de natal, todos oravam por seus familiares.
O teto da Igreja começou a ruir, mas o padre pede para que todos fiquem em seus lugares.
A fiação elétrica começou a pipocar.
O padre diz:
- O nosso destino está nas mãos de Deus.

O teto, então, desabou, a fiação elétrica com a chuva causou um incêndio matando todos os presentes, carbonizados, menos um.
Um menino do interior, Galileu.

Manchetes dos periódicos do dia seguinte:
Galileu sobrevive, novamente, a fogueira.
Uma tragédia. Assim poderia ser definida a vida inteira de José.
O pai alcoólatra morrera quando ele tinha 3 anos.
Embora nunca tenha visto o pai, já que sua mãe não permitia, o apreço era grande.
O pai foi preso quando ele ainda estava na barriga de sua mãe, era estuprador.
Sua mãe foi uma das vítimas.
Depois de pensar muito em aborto, a mãe, desistiu, pois imaginava que mesmo sendo fruto de um sexo não consensual aquele menino, que estava por nascer, também herdaria seus genes.
Pensava também que aquele feto não tinha culpa de ter tal pai.
Resolveu ter o filho, então.

Ao nascer, a mãe descobre que o menino tinha uma doença sem cura e ela também.
Como em sua cidade, um destes interiores com saúde precária, não faziam testes nas grávidas foi impossível saber. Só com o parto teve uma confirmação.
A mãe do garoto morre dois anos depois, pois o vírus, Hiv, era do tipo 2, o mais forte.
José foi parar em um orfanato, já que seus avós maternos não o queriam, por se tratar do fruto gerador da doença acometida em sua filha.
Pensavam também que se mantivessem o garoto, uma hora ou outra, se tornaria um fardo.
Já que não tem cura.
No orfanato, os cuidados, eram muitos.
Era o xodó da enfermeira, da diretora e até do jardineiro.
Mas, ninguém o tocava, pois não queriam contato com um aidético, tinham medo de contrair a doença.
José foi crescendo e aprendendo que não importava o quanto ele fosse amoroso ninguém, lá, iria abraçá-lo, afeto que ele necessitava.
Aos 8 começou a frequentar o parquinho do orfanato, quando os outros garotos não estavam.
Sentava na árvore e a abraçava.
Ela era a única que não tinha medo dele.
Como não tinha amigos, então, começou a ler, sem parar.
Era o melhor da sala.
Já tinha lido todos os livros da pequena biblioteca.
Assim foi a infância de José.

Com 15 anos decidiu partir, queria conhecer o mundo de fora.
Sentiu que chegara a hora de viver.
Pegou suas trouxas, roubou da enfermaria vários remédios, usados no coquetel da Aids, para fazer um estoque.
Quando abriu a porta, percebeu.
Se queria ser livre deveria jogar os remédios fora.
E assim o fez.
Deixou para o passado a doença, o orfanato, os preconceitos para ingressar no mundo onde todos são iguais, como lera nos livros.
Pulou o muro de noite.

Como não tinha para onde ir, não sabia nada deste mundo novo, decidiu caminhar.
Andou a noite inteira, até seus pernas não aguentarem mais.
Fascinado pelas luzes, pelos carros, pelos prédios.
Encontrou um banquinho de praça e lá repousou.
Quando já estava dormindo um bando de rapazes e moças decidiu brincar com José.
Ofereceram um refrigerante para ele.
Inocentemente, aceitou.
Depois de 20 minutos José estava passando mal.
Colocaram laxante no refrigerante.
Não tinha banheiro, mas ele não conseguiria segurar.
Então, por estar em extremo estado de necessidade, José se enconstou em uma árvore e quando baixara as calças lembrou de sua velha amiga no orfanato.
Não poderia profanar uma árvore.
Viu, de longe, uma estátua e correu até ela.
Depois de 40 minutos agachado, sofrendo, ele avista uma sirene, como nos livros de suspense.
Dois policiais saem correndo e o prendem.
José não sabia, mas é crime depreciar o patrimônio público.
Quando já estava no carro, os policiais, perguntaram se ele tinha algum dinheiro.
Ele, inocentemente, mostrou os R$ 300,00 reais a que tinha direito, como pensão de sua falecida mãe.
Os guardas pegaram o dinheiro e o jogaram para fora do carro, ainda em movimento.
José caiu desacordado.
Um casal viu a cena e chamou uma ambulância e, consequentemente, a polícia.
Algumas horas depois ele acorda e se vê rodeado de pessoas.
Não sabia bem o que estava acontecendo.
Faziam várias perguntas, mas José, ainda com efeito do sedativo não entendia nada.
Depois de alguns minutos e um bom café da manhã(...) ele falou.
Disse que não se lembrava de muita coisa.
Lembrava que estava num carro da polícia e que os policiais roubaram R$300, 00, mas não lembrava de nada, fora isso, nem seu nome.
Como não tivera muita atenção, em toda sua vida, ele fez um "gambito siciliano", falando baixo para as pessoas se aproximarem.
Era tudo mentira, ele sabia quem era, mas não queria voltar para o orfanato.
Prestou queixa na delegacia, depois de sair do Hospital.
Várias câmeras estavam fora da delegacia, já que era mais um escândalo na policia, carro-chefe da programação de muitos noticiários.

(To be continued)

Friday, April 18, 2008

As cinzas do meu cigarro.

Uma noite atípica, no mínimo.
Acontecia uma reunião de pessoas, completamente, diferentes, mas com pensamentos conectados.
As histórias eram sempre narradas na primeira pessoa do singular ou do plural.
Eu fiz, eu e alguém fizemos, eu, eu, eu.
O papo era, realmente, interessante.
Lembrar de fatos que até pouco atormentavam, mas que agora não fazem mal algum.
O grupo político, social economico, adicionou mais um tema para suas falas lendárias: Música.
Falando de bandas nacionais, internacionais.
Bandas que acabaram, revolucionários ou não, enfim, música.
O medo de conversar com as pessoas, de não saber o que elas acham sobre o que estou falando, estava superado.
Eu poderia falar durante horas, mas não queria.
Prefiro escutar as vozes de outrem, beber um gole de minha cerveja e dar um trago em meu Marlboro.
A conversa continuava rolando.
As vozes começavam a diminuir a intensidade.
Ficavam baixas, quase um ruído sônico.

(Bêbados riam na mesa ao lado, de forma escandalosa).

Vi uma mulher, desconhecida, da mesa que estava às 12h, olhando para meu cigarro.
Paranóico, como sempre, dou um trago para ver se ele estava comigo.
Ah! E como estava.
Doce néctar das flores.
A sensação inigualável de fumar um cigarro e nada mais importar.
Talvez por esta sensação que fumo estes anos todos.
Vários anos, 1/3 da minha vida.

O chão já parecia um cinzeiro, umas 20 bitucas ou mais.
Mas, não importava a quantidade.
Pra falar a verdade, naquele momento, nem a conversa importava.
Era eu e meu cigarro.
O vermelho alaranjado de suas brasas dava a sensação de calor, intensa,
loucura incessante.
Mas, no fundo, ao ver cair as cinzas do meu cigarro, lembrava da minha vida, por inteira.
E, isso, ao passo que é frustrante se torna reconfortante, também.
Pois lembrava que apesar de minha vida ser jogada aos poucos, posso fazer como um cigarro.
Tirá-lo do bolso, acendê-lo e recomeçar tudo novamente.

Monday, April 07, 2008

Só mais uma tragédia grega...

Concurso de Beleza.

Mais um exemplo da formação de ídolos do século XXI.

As imagens apreciadas tornam-se modelos, odes ao narcisismo.

Em quatro versos:

O primeiro retrata o Hermafrodita de Mazarini, curtindo a vibe que sua imagem, em um lago, levava aos seus olhos, tornando-o escravo de seu reflexo.

O segundo verso era a cura das quimeras, então apareceu Apolo.

O terceiro verso é a transformação de Dafne em um ramo de louro.

O quarto e último verso é a morte do pensamento.Zeus e seus pais Cronos e Réia vingam-se de seus semelhantes.
Lançam trovões e chuvas torrenciais, transformam o belo em feio e vice-versa.

E, assim, formada mais uma tragédia grega.

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É por isso que Lyon(O cachorro da foto) está correto em cagar.
Ele não quer participar de uma nova tragédia grega.
Quer apenas ser um cachorro normal comendo cadelas gostosas.





Tuesday, March 25, 2008

Sonho de um adolescente adulto.

Acordei podendo parar o tempo.
Tornei-me um Deus, hoje.
Parei... Pensei... Concluí!
Ainda estava dormindo.
Então, coloquei minha cabeça sob o travesseiro, bem devagar.
Fechei um olho e controlei a respiração.
Com o olho que estava aberto(...) tentei ver o que se passava no meu quarto...

Meus livros voavam, mas minha guitarra ficava, estagnada, no chão.

Moral:
Enquanto você procurar viver um sonho, um sonho será vivido.
Mas, não esqueça que sonhos são como fotografias.
Quanto mais fotos tirar, mas cheia estará a câmera.
Ao ponto que os sonhos, distorcidos, mostram as escolhas que temos medo de fazer.

Está na hora de amadurecer, me formar e parar de tentar ser o que nunca serei.

Na espera de uma resposta.

Pai e filho caminhavam por uma estrada de barro, sem destino e moradia.
No caminho, para uma luz que se fazia longe, o pai caiu de joelhos.
Levantou as mãos para o céu e bradou:
- Senhor, ajuda-me!
Faz com que este cansaço de minhas pernas acabe.
Aqui, nesta árdua caminhada, perdi o equilíbrio.

A luz, que estava longe, começou a se aproximar rapidamente.
O camponês correu até ela, agradecendo àquele ao qual rezou.
Um barulho era escutado, metros atrás, pelo jovem filho.
Era seu pai voando desacordado.
Um bêbado, com uma arma estratosférica, acabou com a esperança.

- Por que, Senhor?
Por que tiraste meu pai? - Perguntou com as mãos levantadas ao céu.
Esperou, de joelhos, a resposta.
Morreu do mesmo jeito que seu pai.

Indignação- 22 de fevereiro

Indignado estou, hoje, por ver as comparações que fazem de Cuba com a de uma ditadura qualquer.
Uma pergunta, então, faço...
Em Cuba existe uma Treblinka ou uma Auschwitz?

Bem, péssima pergunta, certo?
Até porque ditadura não é relacionada, diretamente, com opressão e extermínio em massa, certo?
Errado!
Existe uma única ditadura, no planeta: E.U.A.
Com seus ideais de liberdades confudidos com secção dos direitos humanos, os Estadosunidenses tornaram-se uma corporação, não um país.
Fazem guerras não para libertar um povo, mas para enriquecer ainda mais.

Então, faço outras perguntas...
Cuba é um país oprimido ou opressor?
Os americanos, guerreando no Iraque, por motivos que a ONU não aceitava, não poderiam ser comparados aos carrascos nazistas, julgados no tribunal de Nuremberg, condenados por matar inocentes?

A ignorância de vocês é a vitória americana.

Wednesday, February 20, 2008

Do céu ao inferno e vice-versa.

Na calada da noite, levantei.
Cambaleando, apoiando-me nas paredes, lembrei que estava de ressaca.
Por conseguinte, não lembrarei de vários acontecimentos vividos nas horas que se passaram.
Minha boca estava, extremamente, seca.
Resolvi, então, hidratá-la.
Chegando na cozinha vejo uma imagem dantesca, algo que para outros não significaria nada.
Uma mensagem de sorte, daqueles biscoitinhos chineses, inundada pelo vermelho brilhante de um condimento qualquer.

Depois de alguns segundos, observando aquele pedaço de papel, decidi que iria ler e transformar a mensagem num modo de seguir vivendo.

Você é muito confiante, tudo que faz dá certo...

- Eu sou confiante, porra! - Grito, ancorado, na janela.

A luz de uma casa vizinha, repentinamente, é acendida.
Penso, pois, testar esta teoria.
Se sou tão confiante(...) por que não ficar esperando esta pessoa aparecer na janela?

- Cala a boca, filho da puta! - Vocifera o destruidor de metas.

Caminho para a cama.
Bêbado, decepcionado e humilhado.
O corredor, tão curto, parecia maior.
Meus passos, antes destacados, ficaram lentos.
A confiança, que necessitava, perdia-se no primeiro obstáculo.

O pensador e o psicólogo maldito.

Era um dia ensolarado, em Hell city.
O jovem pensador encontrava-se, novamente, com a Depressão.
Ela sorria, ironicamente, bradando aos sete cantos que a vida, do jovem, acabara.
Tal pensamento, resultado da queda do muro vital, era vívido, em preto e branco.
Os destroços espalhavam-se, destruindo plantações e tornando-as acárpicas.

A fumaça do cigarro recobria o rapaz por inteiro.
As lágrimas, prestes a cair, eram aprisionadas.
O crime delas, inafiançável, foi tornar a fraqueza em uma emoção.
E desta, um homem, não pode sucumbir.

Os caminhos trilhados, com sucesso, em tão pouco tempo de vida, eram esquecidos.
Os obstáculos, nunca.
Ficaram marcadas, como as imagens do fracasso.

- Posso sentar-me ao teu lado? - Perguntava o metediço.
- Como deves saber, este banco é público.
Senta-te se assim quiseres. - Respondia, cordialmente, o rapaz.

Ficaram, os dois, lado a lado, em silêncio por alguns minutos.
O jovem pensador começa a analisar, como de costume, a pessoa que estava ao lado.
Era um homem com, aproximadamente, 30 anos.
Cabelos desgrenhados, 1,80m e uns 70 kg.
Estranhamente ele não parava de sorrir e olhava para, o outro, com, o que parecia ser, desejo.
Enojado, o jovem se afasta. Mas, como numa perseguição, é seguido passo a passo.
Irritado, ele pára. Vira e pergunta:

- Desculpe-me, sou hetero.
- Achas que sou homossexual? - Perguntava aquele senhor. - Só achei que precisavas de alguém para conversar. - Completou.
- Estavas olhando fixamente para mim, não só nos olhos, mas em todas as partes de meu corpo.
Isso parece, homossexualidade. Não achas?
E, mesmo que não fores, por que achas que preciso de alguém para conversar?
- É notória, a depressão que sentes, rapaz.
Quando estive assim, gostaria de ter tido alguém para desabafar.
Pareces um rapaz isolado, sem muitos amigos, então resolvi ser aquele que te escutará.

O jovem pensador, em colapso, abaixa suas armas.
Desarmado, dá chance para o inesperado.
E este não a perde.

- Posso perguntar seu nome? - Dizia, ofegante, o homem.
- Acabas de perguntar, mesmo sem minha autorização.
Mas, se é, para ti, tão importante...
Sou Danilo, e tu, quem és?
- Sou Ademar.

Danilo, como sempre, retira de seu bolso a carteira de cigarros.
Acende-o e, de forma esnobe, solta a fumaça na face de Ademar.

O seu nome é bem interessante.
Sabes o que significa?
- Nunca me interessei por conhecimentos inúteis. - Ironicamente, dizia Danilo.
- Bem, talvez se identifiques.
Este nome mostra que és uma pessoa que não se preocupa, exageradamente, com a opinião dos outros.
Achas, melhor, estar em paz com a consciência e com seus princípios morais.
Deves ter uma boa intuição e deves saber usá-la.
- Legal. Mas, o que ainda fazes aqui?
Melhor, o que eu faço aqui?
Desculpe-me, senhor, mas prefiro que a sua imagem suma da minha cabeça.
A depressão, instalada, não quer dizer que sou mentalmente incapaz de reconhecer um pederasta.
- Não se repetirá...
Se estiver sendo inconveniente, aqui estão minhas desculpas.
- Ótimo.

(Continued)

Sunday, February 17, 2008

A mulher do posto

As garrafas se acumulavam, novamente, no teto do carro.
Aquele posto não parecia o mesmo...
Em dias anteriores, todos, os clientes, estavam alegres e sorridentes.
Mas, nesta noite de terça-feira algo incomum acontecia.
O silêncio era rompido por um som de carro.
A música, tocada, era de uma daquelas cantoras americanas de R&B.
Como, naquele momento, a conversa e as garrafas estavam vazias, começamos a observar a senhora que estava dentro do carro.

O carro, um azul fosco, com as marcas do tempo e das barbaridades ao volante, era um daqueles familiares, com mala grande.
Por dentro se via o descaso.
O porta-luvas quebrado, um rádio antigo, o estofamento, dos bancos, rasgados.
No retrovisor era pendurada uma borboleta de borracha, de cor rosa.
No vidro dianteiro, um adesivo de um curso de inglês para jovens e outro com a bandeira de Pernambuco.
Nunca pensei nisso, mas um carro diz muito sobre uma pessoa.
Notava-se que se tratava de uma senhora desleixada, da classe média, com filhos.
Mas, o carro tornava-se desinteressante, quando víamos aquela senhora pegar, a todo instante, o celular.
Um tanto quanto obsessiva, ligava várias vezes, mas a pessoa não atendia.
Enquanto esperava o tempo, para ligar novamente, bebia alguns goles de sua cerveja e dava alguns tragos em seu cigarro.
Fato que chamou muita atenção, já que, em pouco tempo, ela bebera três cervejas e fumara incontáveis cigarros.

A observação ficava, cada vez mais, analítica.
Chegamos perto, vimos uma aliança.
Talvez, as ligações, fossem destinadas ao marido, possivelmente infiel, que estava aproveitando a noite com outra mulher, ou talvez seja para um filho, que, até aquele momento, não chegara em casa.
Então, pressupomos, por meio da segunda preposição, que ela morava perto.

Quem sabe o que é ter e perder alguém...

Ela acompanhava balançando o cigarro, mas não ansiosa.
Outra pressuposição é feita:
Ela não estava abalada pela letra da música, então, talvez, aquelas ligações feitas não eram as esperadas, pelos telespectadores.

Não suportava vê-la tão deprimida.
Comecei a pensar que aquele seria um ritual que antecedia o suicídio.
Tudo se encaixava agora.
O desleixo, o excesso de álcool e cigarros, o olhar fixo, a inquietude e aquele modo como ela entrava na loja de conveniência.

Penso em chegar até perto e perguntar se ela quer conversar, mas covarde não chego.

Acho que me faria bem, escutar aquela senhora, ver o que estava intrínseco naqueles olhos cansados. Com certeza sentir-me-ia feliz por não viver a vida que imaginamos como dela.

O rugir, do motor, era escutado novamente.
Não havia mais nada a pensar ou fazer.
Finalmente alguém atendeu ao telefonema.
Ela se despedia do cigarro, da bebida, da depressão.
Sorria, desligava o som e partia para nunca mais voltar.