Sunday, March 28, 2010

Eu sinto falta da depressão

Hoje parei para pensar vários temas. A maioria relacionados ao passar dos anos.
O título diz tudo que eu posso falar em mil palavras.
Eu, realmente, sinto falta da depressão.
Sinto falta de ligar para alguma coisa.
Hoje em dia eu passo pela vida, mas não fico indignado.
Não faço nada, nada.
Boa parte da minha vida eu passei com a depressão me acompanhando.
Sempre pensando: " Se nada der certo, eu me mato e pronto... Tudo acaba".
Mas, agora é bem diferente, não sei porquê.

Sinto falta, entre tantas coisas, de pensar.
Eu ficava trancado no quarto; olhava o teto e viajava nas variantes do meu ser.
Sinto falta da raiva que nutria da sociedade.
Sinto falta de escrever e gostar do que escrevo.
Enfim, sinto falta do que eu sou, do que me tornei com o passar dos anos.
Apesar de detestar minha vida eu era vaidoso e me amava.
Hoje, não sei o que é vaidade.
Eu, simplesmente, não ligo pra nada.
Se um cara armado vier na minha frente e, exaltado, falar:
" Eu vou te matar!", possivelmente, eu não falaria nada.
Não importa.
Eu quero voltar a sentir.
Não falo nem de prazer, pois nada me satisfaz.
Mas, ao menos, sentir raiva, sentir a dor de ser quem eu sou.

Eu quero viver, mesmo que seja uma vida sofrida, mas quero viver.
Ninguém pode me dar isso, nem um Deus.
Às vezes penso que eu não deveria ter existido, que talvez fosse melhor para meus pais, meus amigos.
Posso dizer que a solução mais viável sempre foi o suicídio, mas não quero que minha mãe sofra mais.
Por querer o bem dela, eu não faço o que acho certo, conveniente.

Não sei quanto tempo posso aguentar, talvez a cirrose ou algum câncer me leve primeiro, mas a vontade de pegar o carro e dirigir para bem longe e dar um fim nesta tragédia é gigantesca.

Monday, March 15, 2010

Trecho de Cartas Suicidas.

Batalharei pela existência do inexistente.
Usarei armadura e armas por proteção.

Retirarei meu arco deste peito inexequível.
Serei, pois, a última flecha que cruzará céu e noite.
Serás, tu, o alvo desta expedição, Deus.

Encontrarás meu corpo, desfalecido.
Verás minha pulsação desaparecer.
Culpar-te-ás desta desgraça anunciada.

Renascerei, então, das cinzas.
E na Pira, da renascença, encontrarás um texto.

Chorarás dias e noites.
Inundarás cidade e campo.
Então, em paz, o espírito vital descansará.
E todas as verdades, que um dia bradei para símios, estarão incólumes, num túmulo silencioso.

As cinzas do meu cigarro

Uma noite atípica, no mínimo.
Acontecia uma reunião de pessoas, completamente, diferentes, mas com pensamentos conectados.
As histórias eram sempre narradas na primeira pessoa do singular ou do plural.
Eu fiz, eu e alguém fizemos, eu, eu, eu.
A conversa era interessante, por vezes.
Lembrar de fatos que até pouco atormentavam, mas que agora não fazem mal algum.
O grupo político, social e econômico adicionou mais um tema para suas falas lendárias: Música.
Falando de bandas nacionais, internacionais.
Bandas que acabaram, revolucionárias ou não, enfim, música.

O medo de conversar com as pessoas, de não saber o que elas acham sobre os temas falados, estava superado.
Eu poderia falar durante horas, mas não queria.
Prefiria escutar as vozes de outrem, beber um gole de minha cerveja e dar um trago em meu Marlboro.

A conversa continuava...
Mas, as vozes começaram a diminuir de intensidade.
Ficaram baixas, quase um ruído sônico.

(Bêbados riam na mesa ao lado, de forma escandalosa).

Vi uma mulher, desconhecida, da mesa que estava às 12h, olhando para meu cigarro.
Paranóico, como sempre, dou um trago para ver se ele estava comigo.
Ah! E como estava.
Doce e salgado, ao mesmo tempo.
A sensação inigualável de fumar um cigarro e nada mais importar.
Talvez por esta sensação que fumo estes anos todos.
Vários anos, 1/3 da minha vida.

O chão já parecia um cinzeiro, umas 20 bitucas ou mais.
Mas, não importava a quantidade.
Pra falar a verdade, naquele momento, nem a conversa importava.
Era eu e meu cigarro.
O vermelho alaranjado de suas brasas dava a sensação de calor, intensa,
loucura incessante.
Mas, no fundo, ao ver cair as cinzas do meu cigarro, lembrava da minha vida, por inteira.
E, isso, ao passo que era frustrante se tornou reconfortante, também.
Pois lembrava que apesar de minha vida ser jogada fora aos poucos, posso fazer como um cigarro.
Tirá-lo do bolso, acendê-lo e recomeçar tudo novamente.

Sunday, March 07, 2010

Recentemente encontrei no PC alguns textos... Na verdade eram livros que eu sonhava fazer.
Até fazia o enredo, mas depois enjoava da idéia.
Hoje, retornei uma das idéias que tive em 2006.
Se chama "Dogmas e arruaças!".
Já tem uns 9 ou 10 capítulos, mas reconstruirei.
Aos poucos vou colocando por aqui...
Voltarei também aos projetos "As desventuras do sôfrego amante" e "Cartas suicidas - Um manual didático".
Desta vez tentarei acabar algo.
kwa kwa


O prólogo do "Dogmas e arruaças!" está logo abaixo...

Dogmas e arruaças - Prólogo

O sol se recolhia na ilha de Farsa e um grupo de rapazes e moças ainda não tinha retornado aos seus barracos.
Uma equipe de busca foi formada. Nela estava o pesquisador comportamental, Henry, o financiador da expedição, Rico, e seu guarda-costas, Fran.

(...)

Chegavam eles ao topo da montanha proibida. A imagem vista, parecia, uma distorção da realidade.
Quando ultrapassaram a barreira de rosas e espinhos, a imagem parara.
As flores deslocadas por forças do vento, não possuíam mais movimentos.
Rico, saca sua câmera e começa a fotografar o lugar.
Parecia uma entrada de caverna.
Ao lado desta, uma caixa que emanava luzes brancas.


Eles seguem até a luz e, com um pé-de-cabra, abrem esta caixa.
Esperançosos, impacientes não conseguem retirar os olhos deste ponto, mal vêem que, aos poucos, a barreira, por qual passaram, estava a se fechar.

- Apenas uma chave e um folheto. - Dizia Rico.
- Deixe-me ver. - Pronunciou Henry. - Esperem um minuto... Nessa chave tem um símbolo, parece um misto de asterisco com o tridente de Zeus.
- E o que isso significa? - Perguntou Fran, assustado.

- Zeus representa a vitória do humano sobre as forças selvagens da natureza e o asterisco, ao que parece, vem a significar uma expansão dessas forças.

- Doutor, veja isso. - Interrompeu Rico. - O mesmo símbolo aparece no folheto.
- Realmente, Rico. -Concordou Henry. - Tem algo escrito, espere um momento.

Enquanto, Henry, preocupava-se em descobrir quais eram as palavras que estavam contidas naquele folheto, não via que as luzes da caixa paravam de brilhar.
Os cristais eram dissociados, aos poucos, talvez pela perda do equilíbrio do local.

- Descobri! - Gritou o pesquisador. - Está escrito "Dogmas e arruaças!”.