Wednesday, May 14, 2008

Amor para a vida inteira.

Este gosto amargo desdenha do meu apurado paladar.
Volte para seu cubículo e traga um Bourgogne tinto ou Bordeaux.
Contarei a história da minha vitória sobre a vida.

- Embebes-te de vinhos caros, como a lua, macilenta, envaidecendo-se na noite gélida.
Saibas tu que não moverei meus pés calejados desta cadeira.
E tampouco desejo escutar as histórias de um bêbado charlatão.

- Não vês que estás de frente de um Deus?
Perdoarei suas palavras ásperas regozijando um bom trago de vinho.
Deixas teu fanatismo nas fisgas da porta ao teu lado.
E só retornes com meu vinho.

- Montarei o cavalo branco e não mais voltarei a este recinto.
Na noite, presente, atravessarei rios e mares para fugir de tuas palavras insensatas.
Regojize-se com meu desprezo ao que tens a me falar!

- Insolente! Não ouses mover-se deste bar.
Não antes de trazer-me um bom vinho.

- Trôpego e arrogante.
Faço um última caridade.
Tomas esta bengala e vais, com tuas pernas falhas, pegar o vinho.

Galopando durante horas, Sarcoley, refugia-se no alcoice do deserto.
Agarra a primeira Chininha que passa e a leva pro quarto.
5 minutos depois, satisfeito, acende o último cigarro.
Mal sabia ele que o trôpego, Jéveux, aproximava-se velozmente.

- Neste leito, torno-me o último a apreciar o doce sabor de teus lábios.
Estes lençois, branco-gelo, inundados de sangue, serão tuas últimas vestes.
Morrer! Este é o teu destino. Morrer!

Neste momento, Jéveux Guinevere, adentra pela porta imunda.
Vê o esganiçado trovador, Sarcoley, com a boca ensanguentada.
Em sua mão esquerda um punhal de época.
Na direita o coração, ainda pulsante, daquela jovem menina.

- Se não posso ter teu respeito, Jéveux, então tiro aquilo que tu tens mais apreço.
A tua doce filha.

- Minha filha, tua mulher, está morta, Sarcoley, viste o enterro dela.
Acabas de matar uma prostitua qualquer, inocente.
Talvez uma mãe de família.
És uma pessoa doidivanas.
Não mereces meu apreço.

- Morrer! Este é teu destino, Jéveux. Morrer!

Ensanguentado, Sarcoley, saí a cavalgar.
Com os corações da chininha e do velho Jéveux em sua bolsa.

Wednesday, May 07, 2008

Mais alguns microcontos.

Deus nunca esquece seus filhos.

- Deus por que esqueceste de teu filho? - Bradava, o jovem, de sua janela.

Neste momento um caminhão desgovernado adentra pela janela.
O rapaz morre.
Duas frases eram visíveis no para-choque:
" Deus é fiel" e "Deus nunca esquece seus filhos".

Fumar causa câncer de pulmão.

O médico estava sentado, tossindo seco, fumando um cigarro na entrada da clínica.
Um paciente antigo viu, do outro lado da rua.
- Doutor, estás fumando?
Qual a imagem que queres passar para teus pacientes?
- Claro que estou fumando José.
Estás vendo este papel que carrego na mão?
- Sim, estou vendo, doutor.
- Esta é minha mensagem para meus pacientes.
- E o que nele contém?
- O confirmatório de câncer de pulmão.

Total flex.

Renato comprou um carro novo, um total flex.
Chamou, então, os amigos para comemorar o feito.
Depois de muitas doses ele decide ir pra casa.
Quando entrou no carro viu que estava sem combustível.
Na sua cidade os postos fecham de meia-noite, em ponto.
Como já passara desta hora pensa em provar se é verdade mesmo, que o carro pega com álcool.
Tira seu pênis e mija no tambor de combustível.
O carro não pegou.
Ligou para o vendedor e falou:
- Vocês vão devolver meu dinheiro, seus mentirosos.
Disseram que o carro pegava com álcool.

Nietzsche e a sede.

Nietzsche estava sozinho, em casa, apalpando seu escroto carregado.
Foi até a geladeira e não tinha nada para beber.
Então, olha para baixo e diz:
O que não nos mata, nos fortalece.

Viva a re-ovulação... Ops... Revolução.

O professor de literatura entra na sala de aula e, calmamente, diz:
- Bom dia, pessoal, hoje quero que todos falem sobre revolução.
Então, uma menina franzina responde:
Professor, eu não me sinto a vontade para falar sobre meu ciclo menstrual.

Alguns microcontos.

Homossexualismo anti-fundamentalista.

João chega em casa e vê seu filho de 12 anos desnudo.
Então, indaga:
- Filho, por que estás assim? Onde está tua mãe?
- Mamãe está no banheiro, com uma faca cravada no peito.
Agora você é só meu.

Mulher possessiva.

Luana era uma mulher possessiva.
Um certo dia viu seu namorado segurando a mão de outra.
Sem hesitar puxou o canivete, que guardava por proteção,e enfiou no peito da outra mulher.
Seu namorado chorando, indignado, grita:
- Era minha mãe, sua louca!
- Ah! Desculpe, mas ela tem que aprender a não tocar naquilo que é meu.

Conversa entre átomos.

- Hey H, me responde uma coisa...
Como podes ser tão pequeno e ainda achar que é uma ameaça?
- Bem C, que tal irmos para um lugar mais quente, com a temperatura ambiente, assim me sinto confortável para te responder...


Corno vidente.

André chegou do trabalho, cansado, querendo um carinho da sua neguinha.
Entra na sala, já se despindo:
- Mulher, teu macho está em casa.
Nesta hora a porta do armário é aberta, dela sai um homem de 2m.
- Como sabias que eu estava aqui?

O afogamento.

Humberto e Jarbas caminhavam embriagados por uma rua deserta.
Jarbas deitou na calçada, pois não conseguia mais andar.
Humberto não o viu, pensou que ele tinha se escondido.
Então, tirou seu pênis e começou a urinar.
Jarbas, desesperado, grita e Humberto corre.
O primeiro liga pro 190, ainda desesperado:
- Deus do céu, socorro, estou me afogando.

A igreja vs. Galileu.

A Igreja estava lotada, num dia chuvoso.
Era missa de natal, todos oravam por seus familiares.
O teto da Igreja começou a ruir, mas o padre pede para que todos fiquem em seus lugares.
A fiação elétrica começou a pipocar.
O padre diz:
- O nosso destino está nas mãos de Deus.

O teto, então, desabou, a fiação elétrica com a chuva causou um incêndio matando todos os presentes, carbonizados, menos um.
Um menino do interior, Galileu.

Manchetes dos periódicos do dia seguinte:
Galileu sobrevive, novamente, a fogueira.
Uma tragédia. Assim poderia ser definida a vida inteira de José.
O pai alcoólatra morrera quando ele tinha 3 anos.
Embora nunca tenha visto o pai, já que sua mãe não permitia, o apreço era grande.
O pai foi preso quando ele ainda estava na barriga de sua mãe, era estuprador.
Sua mãe foi uma das vítimas.
Depois de pensar muito em aborto, a mãe, desistiu, pois imaginava que mesmo sendo fruto de um sexo não consensual aquele menino, que estava por nascer, também herdaria seus genes.
Pensava também que aquele feto não tinha culpa de ter tal pai.
Resolveu ter o filho, então.

Ao nascer, a mãe descobre que o menino tinha uma doença sem cura e ela também.
Como em sua cidade, um destes interiores com saúde precária, não faziam testes nas grávidas foi impossível saber. Só com o parto teve uma confirmação.
A mãe do garoto morre dois anos depois, pois o vírus, Hiv, era do tipo 2, o mais forte.
José foi parar em um orfanato, já que seus avós maternos não o queriam, por se tratar do fruto gerador da doença acometida em sua filha.
Pensavam também que se mantivessem o garoto, uma hora ou outra, se tornaria um fardo.
Já que não tem cura.
No orfanato, os cuidados, eram muitos.
Era o xodó da enfermeira, da diretora e até do jardineiro.
Mas, ninguém o tocava, pois não queriam contato com um aidético, tinham medo de contrair a doença.
José foi crescendo e aprendendo que não importava o quanto ele fosse amoroso ninguém, lá, iria abraçá-lo, afeto que ele necessitava.
Aos 8 começou a frequentar o parquinho do orfanato, quando os outros garotos não estavam.
Sentava na árvore e a abraçava.
Ela era a única que não tinha medo dele.
Como não tinha amigos, então, começou a ler, sem parar.
Era o melhor da sala.
Já tinha lido todos os livros da pequena biblioteca.
Assim foi a infância de José.

Com 15 anos decidiu partir, queria conhecer o mundo de fora.
Sentiu que chegara a hora de viver.
Pegou suas trouxas, roubou da enfermaria vários remédios, usados no coquetel da Aids, para fazer um estoque.
Quando abriu a porta, percebeu.
Se queria ser livre deveria jogar os remédios fora.
E assim o fez.
Deixou para o passado a doença, o orfanato, os preconceitos para ingressar no mundo onde todos são iguais, como lera nos livros.
Pulou o muro de noite.

Como não tinha para onde ir, não sabia nada deste mundo novo, decidiu caminhar.
Andou a noite inteira, até seus pernas não aguentarem mais.
Fascinado pelas luzes, pelos carros, pelos prédios.
Encontrou um banquinho de praça e lá repousou.
Quando já estava dormindo um bando de rapazes e moças decidiu brincar com José.
Ofereceram um refrigerante para ele.
Inocentemente, aceitou.
Depois de 20 minutos José estava passando mal.
Colocaram laxante no refrigerante.
Não tinha banheiro, mas ele não conseguiria segurar.
Então, por estar em extremo estado de necessidade, José se enconstou em uma árvore e quando baixara as calças lembrou de sua velha amiga no orfanato.
Não poderia profanar uma árvore.
Viu, de longe, uma estátua e correu até ela.
Depois de 40 minutos agachado, sofrendo, ele avista uma sirene, como nos livros de suspense.
Dois policiais saem correndo e o prendem.
José não sabia, mas é crime depreciar o patrimônio público.
Quando já estava no carro, os policiais, perguntaram se ele tinha algum dinheiro.
Ele, inocentemente, mostrou os R$ 300,00 reais a que tinha direito, como pensão de sua falecida mãe.
Os guardas pegaram o dinheiro e o jogaram para fora do carro, ainda em movimento.
José caiu desacordado.
Um casal viu a cena e chamou uma ambulância e, consequentemente, a polícia.
Algumas horas depois ele acorda e se vê rodeado de pessoas.
Não sabia bem o que estava acontecendo.
Faziam várias perguntas, mas José, ainda com efeito do sedativo não entendia nada.
Depois de alguns minutos e um bom café da manhã(...) ele falou.
Disse que não se lembrava de muita coisa.
Lembrava que estava num carro da polícia e que os policiais roubaram R$300, 00, mas não lembrava de nada, fora isso, nem seu nome.
Como não tivera muita atenção, em toda sua vida, ele fez um "gambito siciliano", falando baixo para as pessoas se aproximarem.
Era tudo mentira, ele sabia quem era, mas não queria voltar para o orfanato.
Prestou queixa na delegacia, depois de sair do Hospital.
Várias câmeras estavam fora da delegacia, já que era mais um escândalo na policia, carro-chefe da programação de muitos noticiários.

(To be continued)