Sunday, May 16, 2010

A morte do brasileiro

Vou voando às nuvens.
O sonho me possibilita tudo.
Guio-me pelas estrelas.
Das três Marias à ursa maior.

Torno-me um pássaro...
Criptográfo, na memória, todos os lugares por quais passei.
Até os quais nunca quis, realmente, conhecer.

Já fui até Paris, sentir o movimento astral.
Já fui para doce Roma, da arquitetura e gastronomia fenomenal...
Agora estou no Brasil.
Putz... Que país marginal!

Ricos são homens... Pobres, bichos!
Por que será que sustentam tal mentalidade Boçal?

(PAUSA)

- Uma bala atravessou a parede.
Uma criança acabou de morrer.
Seu único crime foi não ter como se esconder.

-Por que, Deus?
Por que nos abandonastes?

Triste, enfim, por saber que estes apelos não serão escutados.
Pois pequei, como tantos outros, pequei por ser, sempre, sádico. -

Racionalizei...
Então, pois, aos meus olhos, aqueles pés, contraídos, bradavam pela libertação.
Tamanha é minha dor que vôo bem alto.
E com um rasante me jogo ao chão.

Como esperava...
A morte é o fim do pensamento e início da desintegração carnal.
As vísceras já se mostravam pútridas.
Pedaços e mais pedaços, deste corpo, esparramados naquele solo fértil.
A ressurreição viria com a corrente de ar que passava.

O brasileiro acaba de morrer.
O hino nacional não faz mais tanto efeito.
A mão no peito, demonstrando amor à pátria, se tornou clichê.
A esperança deu lugar à desconfiança.

No inferno, explicava-se ao demônio.
“Cumpri meus deveres, jogando meus direitos no lixo.
Amei minha pátria, mas ela virou-me as costas.
Tentei modificar o país, honrei a bandeira.
Enfim, vi desmoronar meus sonhos, meus ideais.
A lucidez se foi ao ver a juventude falecer sem culpa”.

E ele, por fim, o disse:
"Vivestes em uma sociedade hipócrita, senil e ultrapassada.
Mas, sem fé na revolução, fostes a caça do predador de almas".

No comments: