Thursday, July 15, 2010

Quando a morte chegar

A minha morte não será digna.
As lágrimas, que forem derramadas, não serão verdadeiras.
Os meus olhos se fecharão para não ver tanta mentira.

Verei viúvas que nunca existiram.
Na tristeza, na alegria, buscando ser a própria dor.
O negro, das vestimentas, contrastando com o branco de um sorriso sardônico.
E a imagem de uma família retratada em um andor.

Falsos moralistas que perturbaram minha existência.
Afastem-se deste corpo que não possui mais alma.
Chorem, estas lágrimas de colírio, em seus templos de cristã-decência.

A minha mente chama para planejar minha despedida. Recobro os sentidos, mas quando poderei crer que minha vida não passou destas angústias e raros momentos afetivos?

Compreendo que os pudores levaram-me a solidão.
Olho, então, para este fim dispendioso.
O medo, de não ser aceito, os pensamentos desconexos.
De jovem problemático, tornei-me um adulto sem solução.

Ah! Esta morte não será sentida.
Não será, sequer, digna.
Não terá parente.
Pois, agora, percebo (...).
Sou, de fato, um indigente.

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