Saturday, August 07, 2010

Encontrei um projeto de livro... Vou ficar postando por aqui

Regido de ilusões, um reflexo de sua infância e adolescência problemática.
Desde pequeno fabulava situações em que o herói era o anti-herói, que as verdades eram manipulações que foram expostas pelos outros.
A perda prematura de um familiar, ao qual era muito ligado, fez com que suas lagrimas caíssem constantemente. A sensibilidade para discernir a moral das pessoas apareceu naturalmente, o fez um analista das características e fisionomias humanas estupendo.

Um som ecoava estridente, não conseguia manter-se no estado de R.E.M., e o sonho que nunca saiu de sua mente, desde os 8 anos de idade, novamente voltava.

CAPITULO 1


Numa noite como outra qualquer, as sirenes anunciam a falta de pudores da sociedade, mártires padecem nas ruas, vestidos com farrapos em decomposição, jovens cultuam o amor animal e se intoxicam pra provar sua rebeldia.
Da sua sacada, Henry, observa e com fascínio fixa seu olhar em um ponto.
Parecia-lhe uma imagem familiar. Uma senhora carregava suas compras e num lapso um menino branco, aparentemente com farda escolar, saca de sua mochila uma faca e ameaça a idosa. O medo era evidente na cara daquela senhora, a palidez de sua pele e os apelos ao jovem rapaz não foram suficientes pra não aumentar as estatísticas de assalto.
Henry, decepcionado, lembrou então de seus tempos de garoto rebelde. Lembrou dos falsos trabalhos escolares que contava aos seus pais para gerir capital pro seu vicio.
Quando os pais não tinham dinheiro ou não davam, ele simplesmente saia pra rua e com seu punhal assaltava senhoras indefesas.

O som do telefone interrompe suas analises.
-Alô, quem fala?
-Henry? Não acredito que se esqueceu de minha voz-
Aos risos falava-. -Julia, a “Trofônica”.
-Ah!- espantado ele responde. – Claro que lembro. Como me esquecer daquela pequena travessa?
Ele riu.
- Pra onde vocês foram? – Perguntou ele. – Durante anos procurei saber o porquê de irem embora sem se despedir. E onde está Clara?
- É... É... Temos que conversar sobre muitas coisas. Podemos nos encontrar agora?- Perguntou ela. – Estou na cidade, acabei de chegar.
- Sem problema. Estais na casa de parentes ou em Hotel?
- Estou no Hotel Psison. – Respondeu ela. – Fica perto do Shopping.
- Eu sei onde fica. De que horas passo ai, Ju?
- Pode passar agora se quiser.
- Ok, estou indo agora.

Henry segue rapidamente pro carro. Não acreditava que depois de tanto tempo elas teriam voltado. No caminho, a angustia se fez presente. Sabia que algo estava errado.
A voz dela mudou de entonação quando eu citei o nome de Clara.



-Boa noite, senhor. - O atendente do Hotel exclama. – Deseja um quarto?
- Não. Vim encontrar uma amiga. Seu nome é Julia Castro.
- A quem anuncio? – pergunta o atendente.
- Diga-lhe que é Henry.

Nesse momento, um carro estaciona violentamente na frente do Hotel.
Henry vira e vê um homem, aparentando estar bêbado, discutindo com uma mulher.
Fica abismado com as palavras que ele dizia e ainda mais quando percebeu um garoto ao lado deles, o choro deste comoveu Henry.

- Por favor, pare! - Desesperado, gritava o garoto.
- Cale a boca, seu órfão patético! – Retrucou o homem.

Henry, um moralista convicto, não se conforma com essa situação. Era absurdo, pra ele, falar atrocidades como aquelas, para um garoto, que deveria ter uns 6 à 7 anos.
Dirige-se até o carro, junto com um dos seguranças do Hotel.
-Desculpe-me intrometer, mas você não acha prudente deixar de fora o seu filho da violência que você está fazendo com a mãe dele? – Perguntou Henry.
- Ele não é meu filho! – Grosseiramente, retrucou o homem. – É parente dessa vagabunda.

O segurança, então, tenta conter o Homem, mas parecia que a raiva que ele sentia, fez sua força multiplicar-se.
Nesse instante, Julia se aproximou. O garoto correu para os braços dela.
-Tia Julia, ajuda Tia Déb. O monstro voltou. – Aos berros dizia o garoto.
- Saia de nossas vidas! Você tem que se tratar, ainda tens cura, Leo. – Falou Julia.
- Cale a boca, vadia! – Gritou o bêbado. – Da minha mulher eu cuido.

Henry estava atordoado, não conseguia entender algumas cenas daquele episodio.
Sua vista estava embaçada e só um ponto parecia-lhe claro: A face do rapaz.
Apesar de ser contra a violência, seja física ou mental, uma raiva dantesca surgiu.

- Leo, vá dormir. Amanhã verás que o quanto está errado. – Assustou até o Rico. – Falou Julia.
- Só vou dormir quando tiver umas explicações dessa vadia! E esse garoto tem que aprender como é a vida, aprender que as mulheres não prestam. Talvez ele fique mais forte no futuro.

Henry não agüentava ouvir isso. Parecia que perfuravam sua cavidade torácica com um serrote. Então, partiu pra cima do agressor e desferiu-lhe um soco.
- Saia daqui agora ou chamo a policia! – Irritado exclamou, Henry.

O rapaz levantou-se, viu o sangue escorrer em sua face. Apesar de o álcool ter anestesiado-o, ainda sentiu a dor na sua narina. Sua respiração estava ofegante.
Partiu em direção a Henry com seus escabrosos olhos ensangüentados e tentou atacá-lo.
Não sabia ele que o seu oponente lutava Jiu-Jitsu, uma arte marcial voltada à imobilização, nas horas livres.
- Chame os seguranças do Hotel! –Exclamou H., em direção a Julia.

Após a imobilização, Henry via no rosto do garoto um sorriso. Lembrava-lhe alguém, mas não conseguia identificar. O peito disparou, alguma ligação devia ter com ele.

- Deixe-o conosco, senhor. – Um dos seguranças falava. – Vamos assegurar que ele não importunará nenhum de nossos hospedes.
A mulher que se encontrava dentro do carro, então, saiu. Envergonhada e ao mesmo tempo aliviada por todo aquele episodio ter tido um fim.
Ainda chorando ela vem abraçar Henry.
- Obrigado, H., ainda bem que aparecestes.
- Déb? É você mesma? – Pergunta Henry.
- Sim, e aquele era meu marido. Ele sofre de dependência alcoólica.

Julia afasta-se do grupo junto com o garoto. Mas, Henry mal percebeu. Estava entretido na conversa com uma amiga que não via faz tempo.
- Onde está Clara? – Perguntou ele. – Eu preciso falar com ela. Tem coisas que não ficaram resolvidas entre nós.

O silêncio então se fez presente. Caiam, agora, mais lágrimas dos olhos dela.
Henry começava, então, a unir pedaços de um quebra-cabeça imaginário.
Em um lapso ele percebeu que havia algo errado.
O garoto lembrava-lhe alguém. Era a sua ex-namorada, Clara, que de uma hora pra outra partiu e só deixou uma carta. Nenhuma das palavras ditas por ela foi esquecida.
Em um dos trechos dessa carta ela dizia:

“Apesar de o amor ser a união de duas almas, apesar de nós sermos essas almas. Não podemos ficar juntos. Porque não só de amor vive uma pessoa. Não tenho coragem de te encarar. Então, por favor, não me procure mais”.

Julia se aproxima dos dois. Vê a comoção de sua irmã e o olhar pensativo de Henry.
-Henry? – Fala Julia ao estender a mão pra ele. – No bar teremos mais privacidade, tenho muito a te falar.

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