Wednesday, February 20, 2008

O pensador e o psicólogo maldito.

Era um dia ensolarado, em Hell city.
O jovem pensador encontrava-se, novamente, com a Depressão.
Ela sorria, ironicamente, bradando aos sete cantos que a vida, do jovem, acabara.
Tal pensamento, resultado da queda do muro vital, era vívido, em preto e branco.
Os destroços espalhavam-se, destruindo plantações e tornando-as acárpicas.

A fumaça do cigarro recobria o rapaz por inteiro.
As lágrimas, prestes a cair, eram aprisionadas.
O crime delas, inafiançável, foi tornar a fraqueza em uma emoção.
E desta, um homem, não pode sucumbir.

Os caminhos trilhados, com sucesso, em tão pouco tempo de vida, eram esquecidos.
Os obstáculos, nunca.
Ficaram marcadas, como as imagens do fracasso.

- Posso sentar-me ao teu lado? - Perguntava o metediço.
- Como deves saber, este banco é público.
Senta-te se assim quiseres. - Respondia, cordialmente, o rapaz.

Ficaram, os dois, lado a lado, em silêncio por alguns minutos.
O jovem pensador começa a analisar, como de costume, a pessoa que estava ao lado.
Era um homem com, aproximadamente, 30 anos.
Cabelos desgrenhados, 1,80m e uns 70 kg.
Estranhamente ele não parava de sorrir e olhava para, o outro, com, o que parecia ser, desejo.
Enojado, o jovem se afasta. Mas, como numa perseguição, é seguido passo a passo.
Irritado, ele pára. Vira e pergunta:

- Desculpe-me, sou hetero.
- Achas que sou homossexual? - Perguntava aquele senhor. - Só achei que precisavas de alguém para conversar. - Completou.
- Estavas olhando fixamente para mim, não só nos olhos, mas em todas as partes de meu corpo.
Isso parece, homossexualidade. Não achas?
E, mesmo que não fores, por que achas que preciso de alguém para conversar?
- É notória, a depressão que sentes, rapaz.
Quando estive assim, gostaria de ter tido alguém para desabafar.
Pareces um rapaz isolado, sem muitos amigos, então resolvi ser aquele que te escutará.

O jovem pensador, em colapso, abaixa suas armas.
Desarmado, dá chance para o inesperado.
E este não a perde.

- Posso perguntar seu nome? - Dizia, ofegante, o homem.
- Acabas de perguntar, mesmo sem minha autorização.
Mas, se é, para ti, tão importante...
Sou Danilo, e tu, quem és?
- Sou Ademar.

Danilo, como sempre, retira de seu bolso a carteira de cigarros.
Acende-o e, de forma esnobe, solta a fumaça na face de Ademar.

O seu nome é bem interessante.
Sabes o que significa?
- Nunca me interessei por conhecimentos inúteis. - Ironicamente, dizia Danilo.
- Bem, talvez se identifiques.
Este nome mostra que és uma pessoa que não se preocupa, exageradamente, com a opinião dos outros.
Achas, melhor, estar em paz com a consciência e com seus princípios morais.
Deves ter uma boa intuição e deves saber usá-la.
- Legal. Mas, o que ainda fazes aqui?
Melhor, o que eu faço aqui?
Desculpe-me, senhor, mas prefiro que a sua imagem suma da minha cabeça.
A depressão, instalada, não quer dizer que sou mentalmente incapaz de reconhecer um pederasta.
- Não se repetirá...
Se estiver sendo inconveniente, aqui estão minhas desculpas.
- Ótimo.

(Continued)

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