Thursday, January 04, 2007

O Chamado

Frederick acorda no meio da noite.
Parecia flutuar, novamente, no seu mundo imaginário, a ilha da Farrsa.
Os seus calcanhares perfurados por um longo artefato de madeira, de forma lateral, expondo sua genitália. Seus braços esticados horizontalmente, amando ao próximo mesmo sem ser um Cristo. Sua cabeça, presa, se destacava por uma coroa de urtigas que perfurava seu crânio.
Estava ensanguentado, mas mesmo assim, com extrema força, abre seus olhos esmagados.

- O que está acontecendo? - Dizia, Frederick.

Uma mulher esbelta, cheia de pompa, aproxima-se com um sorriso sardônico e fala, docemente:

- Fostes condenado à morte.
Tuas ímpias palavras foram escutadas, tens um público, neste momento, sôfrego por vingança.
Enterraremos as falácias que proferistes neste sepulcro de porcos, para lembrares do calvário, ao qual foi submetido o Salvador.

– O sangue, em minha face, acaba de coagular
Meus membros, antes trêmulos, perderam a mobilidade.
Mas, mesmo sem vida(...)
Meu calvário é a redenção de um povo.
O insucesso desta plebe teocrática, da qual és porta-voz, é a vitória
da racionalidade.

Fechara os olhos esperando uma definição deste sonho ou realidade assustadora.
Desperta, poucos segundos após, com um chamado.

-Como vai, pecador? - Dizia, a voz.
Deixa-me lavar tuas chagas. - Completou, o risonho empregado.

Um senhor uniformizado, talvez uma voz racional neste ambiente fanático, pensara Frederick, porém se surpreende com o sadismo praticado pelo áncião.

-Ahhh! - Urrava, o crucificado. - O que colocasse em meu corpo?

A dor, acentuada por pinceladas de vinagre, se tornava insuportável.
Lembrou-se, Frederick, de sua família, como última visão, antes do último chamado.

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