Tuesday, January 16, 2007

Quem sou eu?

Estava parado, pensando na vida.
Notei que minhas fotos estavam, de meus 10 anos, borradas.
Notei algumas rugas em meu rosto.
Notei que agia como idoso problemático.

Estava partindo o elo da consciência e sequer entendia o porquê.
O superego não existe mais, o ego domina o ser juntamente com o ID.
Percebi que não sigo nenhum movimento, ando com pernas soltas.
Como alguém pode se basear em si próprio?
Os traumas sociais fizeram minha mente dividir-se em três:
- O Henrique: Tímido, calado, observador e romântico.
- O Sarcoley: Calhorda, arruaçeiro e jocoso.
- O Farr Sunsa: Crítico e egocêntrico.

Como uma mistura de ingredientes num liquidificador,
como um plexo imoral, fui, então, criado.
Juntou-se o bem e o mal, mas dele não se diferenciava qual era o real.

Quando pequeno olhava os outros garotos jogarem bola, contarem piadas,
falarem mal dos outros.
Enquanto isso, o isolamento do pensador era um fato consumado.
Julguei-se um completo idiota, um ser anti-social e desinteressante.
A personalidade foi sendo formada de uma maneira trágica.

(Possivelmente, outros como Henrique, já são um fracasso.
Vivendo em um mundo diferente do real, usando da imaginação para fugir do convívio).

Aos 18, sonhava, ser grande, tinha todos os sonhos do mundo, fato caracteristico da idade.
Pensei ser a "Revolução" e me atirava na ponta das facas para sentir o ambiente ser modificado.

De forma anacrônica chego aos 20, brado, na montanha dos insucessos anteriores, que enterrarei minha bandeira nesta fase.

Mas, pensando bem, não sou este revolucionário.
Sou o reflexo daquele garoto de 10 anos,
o reflexo dos traumas sociais,
a sombra que tanto me atormenta.

Sou Henrique Farrapeira de Assunção quando quiseres alguém compreensivo,
Rique Farr Sunsa quando clamares por um egocêntrico e
Henry Sarcoley quando quiseres um canalha.

Não tenho forças para lutar contra mim mesmo.
Sou fraco, mas assim, continuo vivo.

4 comments:

Rique Farr Sunsa said...

Se alguém ler e resolver comentar...
Não foi um erro misturar primeira pessoa com terceira.
Quando falei na terceira pessoa era devido o estado de consciência:
Uma hora estava pelas vontades próprias(ID) e outras por vontades públicas(Ego).
Como o ID é o EU onipotente, ou deveria ser, esse é conjugado na primeira pessoa.
E o ego(...)

Você não sabe o quão difícil é conviver com um egocêntrico...

Anonymous said...

ah. quanta coragem... revelar tanto!
não es o único
isso pode ser irritante?
não ser único
mas para cada um de nós
somos sim. originalmente sós. de acordo com nossos pesares...
uma infância solitária, confusa, contraditoria.
vontade de ser e não ser.
realidades difusas, a perda do pragmatismo natural...
as várias faces que disseminam-se cruelmente.
crise existencial?
as ilusões, os sonhos, as ideias introspectivas, decepções, frustrações
sempre surge algum parvo que tenta entender algo que nem nós conseguimos
que pretensão...
aqui estou contradizendo meus atos.
quem diz
o que era "um"
virou "vários"
mas continua desafortunadamente "um"
em meio a "vários"... convivendo.
apreciando mortalmente a vida e seus prazeres levianos e intensos!
se conter. tantos vem, mas sem saber realmente com quem estão coexistindo nesse plano curioso.
o incomum fascina. isso é indubitavel... mas ninguém aguenta por muito tempo... ainda tem os que nem tentam.
você faz questão de ser transparente. que razão pode estar lhe guiando afinal.
nitido e vivaz

Anonymous said...

Eu sei quanto é difícil comviver com um egocêntrico.

Depois de ler esse post, percebi que estava errada em relação a Henrique Farrapeira, mas certa em relação a Rique Farr Sunsa.

Mostrastes ter uma humildade que eu julgava não teres, mostrastes uma criatura que tem seus pontos vulneráveis, como qualquer outra.
Fato esse que me deixou muitissímo surpresa e encantada.

O egocêntrico Rique Farr Sunsa torna-se o romântico e tímido Henrique Farrapeira. Não achas que seria melhor ser sempre Henrique?
Embora, precisemos, uma vez ou outra, mostrar nossas faces. Na realidade, somos todos uma espécie de caleidoscópio... cheia de faces e primas...

Parabéns. Tornastes mais sensível. E isso é muito bom.

Kalie Cullen said...

Eu sei como é difícil conviver com um egocêntrico...convivi com um por mais de 20 anos, meu irmão, que sempre, até hoje, fez e faz questão de pegar no meu pé e enxergar em mim todas as piores escolhas que se pode fazer na vida..

você não está sozinho.