Sunday, July 06, 2008

O dedo que aponta

“Os homens são muito mais preguiçosos do que medrosos e temem acima de tudo os aborrecimentos que uma transparência e lealdade absoluta lhes atrairiam”
Nietzsche

Hoje pude repensar vários temas, pude lembrar quem eu sou e aprendi muito, também.
Depois de uma crise hipertensiva, um colapso nervoso, muito ódio percebi que o dedo que aponta é o mesmo que, consumido pela culpa, prega a revolução pelo amor, a mesma revolução que Gandhi pregou muito anos atrás.
Mas, afinal, como pode a revolução pelo amor julgar e acusar sem provas, ridicularizar, oprimir?
Não, não pode.
Esta revolução não é verdadeira.
Não que o amor não seja uma revolução verdadeira, pois é.
Mas, o uso com a “má-consciência”, descrita por Nietzsche, faz com que esta seja invalidada.

A moral do rebanho, um modo de manipulação utilizada por vários políticos, também é usada por aquele que aponta o dedo para quem faz política.
E o que esta moral prega?
Que um homem ou domina ou torna-se dominado, descrito pelo filólogo como parte do espírito de rebanho.

Então, não seria incongruente, no mínimo, pensar que uma pessoa que divaga sua voz como a síntese do novo revolucionário gandhiano, agir contrário ao que prega diariamente para todos?
Ainda mais quando levamos em consideração que apenas o homem, dotado de sua razão diminuta, pensa que é superior à outra pessoa?

E assim o homem que aponta para acusar viverá toda sua vida.
Num mundo em que a certeza relaciona-se com suas palavras, onde o errado é não concordar com o absurdo.
O homem que julga não é aquele que crescerá sozinho, tendo em vista que em seu conflito interior este ulilizará sufismos e necessitará que outros escutem suas palavras.
Depois desta breve introdução, descreverei, sucintamente, a ação de um destes homens.



Perguntaram a um homem o que ele achava da injustiça.
Ele pensou durante horas e não deu uma resposta.
Quando chegou em casa, pegou seu computador caro e começou a escrever sobre a injustiça.
Escreveu um texto belíssimo, copiado em partes de alguns sites de internet, por não ter capacidade de desenvolver uma teoria, mas que não tira a beleza do texto.
Causa um frisson entre as damas e seus seguidores.

Acorda no outro dia, dá um beijo em seus filhos e brada:
“Eu sou a revolução!”

Entra em uma discussão, onde oprime e é criticado por esta opressão.
Como sua característica opressora é superior ao seu senso moral, ele expulsa de seu convívio aqueles que suprimiram suas agressões.
Então, se vê desnorteado quando a injustiça é cometida por ele.
Quando os mais leais amigos e colegas o criticam.
Pensa, logo conclui:
“A minha voz não pode ser calada. As minhas verdades absolutas não podem ser criticadas”.

O homem quando se vê perdido, sem escapatória, criticado, faz o que nenhum outro homem faria:
Aponta o dedo para aqueles quais nutrem aversão à injustiça praticada.
Bola um plano maquiavélico, fantasioso, para justificar seus próprios erros.
Pois o homem que aponta o dedo não erra, então não tem que justificar seus atos impensados.

“O poder está intrínseco”.

A repugnância daqueles que ele acha que são adversários é facilmente explicada por ele:
“Quem não ama Deus, não ama a si próprio”.

O homem torna-se escravo da opinião pública, pois sem esta opinião estaria vendendo passarinhos em feiras ou mostrando cartazes para cegos no meio da praça.

O dedo que aponta para uma pessoa deve lembrar quantos apontarão o dedo para ele.
E mais do que isso.
O dedo que aponta tem que aprender que a justiça é cega, surda e muda, mas ainda assim é JUSTIÇA e não deve ser manipulada.

2 comments:

Kalie Cullen said...

'o amor é revolucionário' é o que se gosta de dizer..
e quem realmente pratica isso?

fui dormir ontem com isso na cabeça, perturbada.

bom que não estamos sozinhos.
beijos

Anonymous said...

O dedo que me ensinou a não apontar mostrou que várias frases consideradas clichês, receberam esse rótulo, justamente por conter uma grande verdade...
Qual é a frase???
"Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço."
Abraços Rique...